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A formiga no carreiro

Educação. O novo modelo de avaliação não prevê a classificação dos professores dispensados a tempo inteiro para trabalhar nos sindicatos. Isto significa que só quando voltarem às escolas é que podem progredir. Quem quiser fazer carreira sindical arrisca-se a não sair no mesmo escalão. Docentes falam em discriminação.

 

Líderes sindicais não têm avaliação nem progridem

Perto de 300 professores sindicalistas - todos os que têm dispensa a tempo inteiro das actividades lectivas para exercício das actividades das suas estruturas - estão impedidos de ser avaliados ou de progredirem nas carreiras até regressarem às suas escolas de origem.

 

Esta é uma consequência directa do modelo de avaliação que entrou em vigor no início do ano, que só prevê a classificação de quem está nos estabelecimentos. Até agora, como a generalidade dos colegas, estes docentes sindicalistas eram classificados com um "satisfaz" e progrediam ao ritmo normal.

Para quem ainda está longe do topo da carreira, como Fátima Ferreira, líder da Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), com 39 anos de idade e 17 de serviço, este vazio na lei significa que representar os colegas implica o "sacrifício" das perspectivas de melhoria salarial.

 

"Segundo a legislação sindical, nenhum dirigente pode ser prejudicado ou beneficiado pelo exercício do seu cargo", lembrou a professora ao DN, lamentando: "A verdade é que, com esta situação, acabamos por o ser."

Fátima Ferreira adiantou que "a questão já foi colocada à Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação, nomeadamente à comissão paritária", criada para acompanhar a aplicação do modelo de avaliação.

 

"O que nos foi dito foi que não seríamos prejudicados, porque quando regressássemos à escola poderíamos optar: ou seríamos avaliados pelo modelo antigo ou, se quiséssemos, aspirar às notas de 'muito bom' ou 'excelente', teríamos de esperar dois anos até obtermos nova avaliação", refere a professora.

Mas essa possibilidade não resolve os problemas de quem aspira a continuar a ser dirigente sindical. Nem de quem exerce estas funções por períodos curtos, como um ano.

 

"Dirigentes discriminados"

Mário Nogueira, secretário- geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), assume já estar no topo da carreira em termos remuneratórios, mas não hesita em considerar que esta situação visa "desmobilizar" os professores da actividade sindical.

 

"Os dirigentes sindicais estão a ser discriminados, tal como o foram no concurso de acesso a professor titular, onde por não estarem nas escolas não tiveram pontos suficientes", considerou. E acrescentou: "A nível nacional, houve talvez dois dirigentes que o conseguiram. Mas estes ataques só nos motivam mais." O DN tentou, sem sucesso, ouvir o Ministério da Educação.

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