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A formiga no carreiro

Apresentação

O Ministério das Finanças e da Administração Pública vai promover, com o apoio técnico da Direcção Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) e do Instituto Nacional de Administração (INA), sessões de informação sobre os elementos essenciais de recentes reformas da Administração Pública.

 

As sessões decorrerão em capitais de distrito e destinam-se a todas as pessoas que exercem funções públicas na Administração Central e Local.

Esta iniciativa visa proporcionar um momento de debate aberto e esclarecimento de questões fundamentais relacionadas com as seguintes temáticas:

- Novo modelo de gestão de Recursos Humanos (vinculações, carreiras e remunerações);

- Avaliação do Desempenho na Gestão Pública (SIADAP);

- O Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas.

A participação nestes eventos é gratuita, devendo os interessados proceder à inscrição através do formulário, a qual será aceite por ordem de chegada.

O nº de participantes será condicionado à capacidade dos auditórios.

 

Não haverá lugar a confirmação pela Secretaria Académica. Caso as inscrições excedam a capacidade do auditório, os interessados ficarão em lista de espera e serão contactados para eventual futura edição.

Locais / Horário

Braga - Data: 12/12/2008 - Programa
(Auditório A1 da Universidade do Minho, Complexo Pedagógico 1, sito no Campus de Gualtar-Braga) secção esgotada. Os interessados poderão inscrever-se para a lista de espera de eventual futura edição;

Lisboa - Data: 09/01/2009 - Programa
(Auditório da Escola Superior de Comunicação Social, Campus de Benfica do IPL, 1549-014 Lisboa)

Viseu - Data: 21/01/2009 - Programa
(Instituto Superior Politécnico de Viseu, Aula Magna, Av. José Maria Vale de Andrade, Campus Politécnico – Repeses, 3504-510 Viseu)

Setúbal - Data: 28/01/2009 - Programa
(Escola Superior de Ciências Empresariais – Setúbal, Campus do Instituto Politécnico de Setúbal, Estefanilha 2914-503 Setúbal)

Porto - Data: 06/02/2009 - Programa
Local a indicar

Coimbra - Data: 18/02/2009 - Programa
Local a indicar

Faro - Data: 04/03/2009 - Programa
(Universidade do Algarve, Grande Auditório, Campus de Gambelas, Faro, 8005-139 Faro)

Beja - Data: 13/03/2009 - Programa
(Auditório dos Serviços Comuns do Instituto Politécnico de Beja, Rua Pedro Soares, Edifício dos Serviços Comuns - Campus do IPB, BEJA )

Castelo Branco - Data: 25/03/2009 - Programa
Local a indicar

Évora - Data: 03/04/2009 - Programa
Local a indicar


Informações sobre inscrições

Secretaria Académica do INA
Tel :  21 446 53 18/21 446 53 34
Fax : 21 446 54 80
E-mail:
sec.cursos.oeiras@ina.pt

A ministra da Educação admitiu hoje estar disponível para alterar e até substituir o actual modelo de avaliação dos professores, mas apenas no próximo ano lectivo e desde que seja aplicado já este ano. "Uma vez iniciada este ano uma avaliação séria dos professores, estarei totalmente aberta à discussão de alterações a este modelo e até à sua substituição, mas em anos seguintes, não neste", disse Maria de Lurdes Rodrigues, no Parlamento.

 

Durante um debate de urgência sobre a avaliação de desempenho dos docentes pedido pelo Bloco de Esquerda, a responsável recusou as acusações de "intransigência" repetidas por todos os sindicatos do sector e por todas as bancadas da oposição. A ministra reiterou, ainda, a sua disponibilidade para avaliar e corrigir o modelo de avaliação proposto pelo Governo, "mas apenas depois de ser aplicado".

 

Maria de Lurdes Rodrigues garantiu que a suspensão do actual modelo, como pedem os sindicatos, apenas significaria mais um ano com uma avaliação sem consequências, considerando que "só o conservadorismo, tanto à esquerda como à direita, ficaria contente" com essa situação.

 

Contudo, a ministra garantiu não ser "intransigente na defesa do modelo em vigor, mas apenas na defesa do princípio de uma avaliação séria e com consequências". E acrescentou: "Não me peçam para aceitar um modelo que assenta na auto-avaliação porque isso é apenas um modo disfarçado de nada propor", afirmou.

 

Durante o debate, Maria de Lurdes Rodrigues voltou a admitir que antes das alterações introduzidas pelo Governo, há duas semanas, o modelo "era mais burocrático do que devia, provocando uma sobrecarga de trabalho às escolas e aos professores", uma situação que considera ficar resolvida com as medidas de simplificação entretanto anunciadas.

Esta audição de urgência da ministra da Educação foi pedida pelo Bloco de Esquerda e todos os partidos da oposição vão apresentar projectos de resolução que pedem a suspensão do actual regime de avaliação dos professores, que serão votados amanhã.

Fonte Público


Reacção às declarações de Maria de Lurdes Rodrigues no Parlamento

Sindicatos apelam a reunião com ministra em que "tudo esteja em negociação"

Os sindicatos dos professores desafiaram hoje a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, a convocar o mais cedo possível uma reunião em que "tudo esteja em discussão”, desde o modelo de avaliação dos professores ao estatuto da carreira docente.

O porta-voz da Plataforma Sindical da Educação, Mário Nogueira, falava durante uma vigília de professores frente ao Ministério da Educação e já depois de a ministra ter admitido no Parlamento estar disponível para alterar e até a substituir o actual modelo de avaliação dos docentes no próximo ano lectivo, desde que seja aplicado já este ano.

"Uma vez iniciada este ano uma avaliação séria dos professores, estarei totalmente aberta à discussão de alterações a este modelo e até à sua substituição, mas em anos seguintes, não neste", disse a titular da pasta da Educação, durante um debate de urgência sobre a avaliação de desempenho dos docentes pedido pelo Bloco de Esquerda.

Apesar daquilo que considera ser uma abertura da ministra na sequência da greve "histórica" dos professores de ontem, Mário Nogueira advertiu que "a luta não vai acabar" e que a classe "quer negociar tudo", sublinhando que "substituir" o modelo de avaliação implica rever o estatuto da carreira docente.

Pedido de negociação da simplificação fora de questão

"O Governo pode dizer qual é a sua proposta, mas tem de ouvir também a proposta dos sindicatos", acentuou o porta-voz da Plataforma Sindical, que rejeitou a sugestão do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, de haver um pedido de negociação suplementar das alterações ao modelo de avaliação dos professores, propostas pelo Governo há duas semanas com vista à simplificação do processo.

Segundo Mário Nogueira, na negociação suplementar "não há propostas alternativas" e os professores querem que haja uma "negociação aberta". O dirigente sindical referiu que, no entanto, os professores registaram os "sinais" dados hoje pelo Governo e que estão disponíveis para que haja uma substituição do modelo de avaliação. "Os professores também querem a negociação", enfatizou Mário Nogueira.

"Apelamos [a que a ministra da Educação] esteja disponível rapidamente, se possível para a próxima semana, por forma a clarificar esse conceito de substituição de que falou na Assembleia da República", afirmou. "Antes da greve com a dimensão da de ontem, a ministra não falava da substituição do modelo de avaliação. Quer dizer que algum resultado já está a ter", disse o também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores.

Durante a vigília, que arrancou hoje de manhã e termina amanhã à noite, houve intervenções de deputados das diversas bancadas parlamentares, com excepção da do PS, tendo António Filipe (PCP), Heloísa Apolónia (Os Verdes), Alda Macedo (Bloco de Esquerda), Emídio Guerreiro (PSD) e José Paulo Carvalho (CDS-PP) manifestado solidariedade com a luta dos professores e criticado, sobretudo, a "teimosia" e a "arrogância" do Governo na questão da avaliação.

Fonte Público

Depois da greve, faz-se o quê? Mais greves

Sindicatos rejeitam soluções que passem pelo actual modelo de avaliação. Governo só negoceia com base neste. No dia da "maior paralisação" a ministra não apareceu


O braço-de-ferro continua. A adesão à greve dos professores foi "significativa", admitiu ontem a tutela. Ou seja, 61 por cento. A "maior" paralisação de sempre, garantiram os sindicatos. Ou seja, 94 por cento.
Mas não serão os números, nem as muitas posições de docentes, que continuam a recusar o modelo de avaliação em vigor, que farão mudar a posição do Ministério da Educação (ME), avisou o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos.
Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores, devolveu: "Não peçam aos professores que salvem a face do Governo. O Ministério da Educação tem de aceitar negociar, mas sem condições."


Ao contrário do que aconteceu nos dois dias de manifestação de professores deste ano, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues não apareceu, nem fez nenhuma declaração ao longo do dia de ontem. Mas hoje estará no Parlamento para um debate de urgência sobre avaliação. Em dia de greve, as reacções pertenceram assim aos seus secretários de Estado. Um sinal de "fragilidade", segundo Mário Nogueira, que prognosticou: "Nestes dois dias alguma coisa vai acontecer da parte do ministério. Vamos dar-lhes algum tempo."

Dois dias de vigília
Mas a partir das 10h de hoje e até às 24h de amanhã, os sindicatos prometem estar à porta do ministério, em vigília.


Depois, se o ME não suspender o modelo de avaliação, condição de base que continua a ser exigida pelos professores, virão mais paralisações: por região, de terça a sexta-feira, mas a greve às avaliações do 1.º período, hipótese que chegou a ser avançada pela Plataforma Sindical dos Professores, onde estão representadas 11 organizações, deixou de estar em cima da mesa, admitiu Nogueira. "Não está posta de parte, mas não está nada decidido. Não podemos andar a marcar greves todos os dias."
Pouco tempo antes, também em conferência de imprensa, Valter Lemos reafirmava: "A lei é para cumprir. Não aceitamos ultimatos, seja por parte dos sindicatos, seja de qualquer entidade."


Pela manhã, tinha sido o secretário de Estado adjunto, Jorge Pedreira, a fazer a defesa da posição do ME. Ao fim de semanas e semanas de contestação continua a não se vislumbrar saída para a crise vivida na Educação, prosseguindo um diálogo de surdos a toda a prova.
Os sindicatos exigem a suspensão da avaliação e a negociação de uma solução transitória para este ano lectivo, com base numa auto-avaliação homologada pelos órgãos das escolas. O ME recusa parar o processo e só aceita negociar uma versão menos burocrática do modelo que aprovou.


"Simplex" e Presidente
Pela segunda vez, a tutela aceitou as críticas e preocupações das escolas e apresentou uma versão simplificada como solução transitória. Ontem admitiu o prolongamento dessa medida por mais anos lectivos, caso os sindicatos estejam dispostos a aceitá-lo. Ou seja, disse Pedreira, o ME está disposto a que os resultados dos alunos, a redução do abandono e ainda todas as actividades inerentes à preparação e leccionação das aulas - até aqui tidos como absolutamente essenciais - não sejam levados em conta na avaliação dos professores.


Na prática, um professor pode abdicar de ser avaliado na sua componente científico-pedagógica, a menos que queira ter as classificações mais altas (Muito Bom e Excelente). Mas estas notas só têm consequências práticas para quem esteja ainda a entrar na carreira ou para quem queira candidatar-se a professor titular, acelerando o tempo de serviço exigido.


Valter Lemos recusa-se a ver nestas alterações uma fragilidade ou eventual inaplicabilidade do modelo de avaliação, mas antes um sinal da "abertura" do ME. Quem tem estado irredutível são os sindicatos, insistiu.
Já os sindicatos voltaram a contrapor com um modelo transitório centrado precisamente naquilo que "o Ministério da Educação deixa cair, ou seja, na componente científico-pedagógica". O actual modelo de avaliação "é um factor de intraquilidade das escolas", sublinhou Nogueira, lembrando que o próprio Presidente da República já apelou ao fim deste clima.
Recado ao ME: "Reconhecer um erro e corrigi-lo só dignifica quem o faz." O futuro, depois da suspensão, segundo a Plataforma: revisão do Estatuto da Carreira Docente, com o fim das quotas de mérito e a divisão da classe em duas categorias, e a negociação de um novo modelo de avaliação.


Desacordo profundo
Ontem, "dia histórico" para os sindicatos, fazendo as contas por baixo, a partir dos números do ME até às 11h, eram 85 mil os que estavam em greve, numa adesão de 61 por cento. Já os dados sindicais apontam para 132 mil numa classe com 140 mil profissionais, isto é 94 por cento de adesão. Muitos foram o que se manifestaram ou aderiram a uma greve pela primeira vez. E há conselhos executivos, habitualmente mais contidos nas afirmações, a não hesitar em dar eco ao mal-estar vivido nas escolas. Valter Lemos desvaloriza: "Não vale a pena estar a tentar passar uma ideia de caos. As escolas têm estado a funcionar normalmente, independentemente do facto de existir discordância dos professores."
O desacordo é total e profundo.
Valter Lemos diz que alterações não são sinal de fragilidade do modelo de avaliação mas um sinal de "abertura" do ME.


O desacordo é total e profundo.
Valter Lemos diz que alterações não são sinal de fragilidade do modelo de avaliação mas um sinal de "abertura" do ME


Norte e centro à frente
Governo e sindicatos estão de acordo pelo menos numa coisa. Foi na região norte que a greve dos docentes atingiu maiores índices de adesão: 90,4 por cento, segundo dados do Ministério da Educação; acima dos 94 por cento, podendo aproximar-se quase dos 100, reiteravam à noite os sindicatos. Na lista dos mais descontentes, seguem-se os docente do centro do país. O ME fala de 72,1 por cento de grevistas, os sindicatos sobem para 95 por cento. Na região de Lisboa, o fosso alarga-se. Segundo o ministério, às 11h - é esta a hora padrão dos dados governamentais - a percentagem de docentes em falta nas escolas desta zona era de 45,3 por cento. Os sindicatos falam em mais de 90 por cento. No Alentejo e no Algarve, estariam em greve, segundo o ME, 44,8 e 45,6 por cento dos professores. Os sindicatos agrupam todo o Sul e apontam para uma adesão da ordem dos 90 por cento, que poderá ter atingido os 98 por cento no primeiro ciclo e pré-escolar. Aviso do ME: números finais só dentro de cinco dias.

 

"Há anos que não fazia greve. Mas achincalharam-nos tanto que a indignação veio ao de cima"
Os professores de Sintra dizem que mesmo se quisessem, era impossível pôr em prática o modelo de avaliação do ME

Numa óptica de especialização de funções, não é de estranhar que seja o professor de Educação Visual e Tecnológica que tenha o cartaz mais aprimorado de todos. Aliás, dois cartazes. Um na mão, outro ao peito: "Sempre votei PS! Em 2009 irei votar contra o PS!". À chuva, uma das professoras da escola EB 2/3 D. Carlos I, Sintra, graceja com o colega de EVT: "Nós gritamos, mas quem fica nas fotos és sempre tu". Nos últimos tempos tornaram-se "veteranos" de "manifes".


Ontem estiveram de novo na rua, cerca de 150 - muito menos do que os que aderiram à greve no concelho, frisam -, num desfile com partida das escolas e chegada à câmara municipal, onde uma delegação foi recebida pelo presidente do município, o social-democrata Fernando Seara. Mas o autarca adiou, para Janeiro, uma eventual posição sobre os diferendos que estão a pôr as escolas ao rubro. No âmbito das reformas em curso no ensino, será a partir dessa data que passará para a câmara a responsabilidade da gestão do pessoal não-docente das escolas do concelho.


"Há anos que não fazia greve. Mas achincalharam-nos tanto que a indignação veio ao de cima", diz ao PÚBLICO, já no largo dos paços do concelho, o professor de História Carlos Andrade, docente na Escola Secundária de Santa Maria, Sintra. Já passa do meio-dia e eles vieram agora da escola: dos cerca de 180 professores, apenas sete estão a trabalhar. "Não há memória de uma greve assim", diz Andrade, docente há 28 anos, mas que não foi escolhido para o novo escalão superior da classe docente, os professores titulares. "Foi uma coisa absurda aquele concurso. Porque é que só contaram com os últimos sete anos?". Ele teve o azar de, nesse período, ter sofrido quatro internamentos. As faltas por doença penalizaram-no fortemente: em vez de 14 pontos, ficou com dois.


José Manuel Oliveira e Rosário Madruga são, respectivamente, docentes de Inglês e Matemática na D. Carlos I. Ela titular, ele não concorreu em protesto, mas ambos estão certos de que não há volta a dar quanto ao modelo de avaliação de desempenho proposto pelo Ministério da Educação. Que foi o passo que se seguiu à entrada em vigor do novo Estatuto da Carreira Docente, que consagrou a divisão dos professores em duas categorias (titulares e não-titulares, sendo os primeiros hierarquicamente superiores aos segundos).
"Temos a certeza de que não é possível ser executado, mesmo que quiséssemos e não queremos, não podíamos", diz José Manuel. Na sua escola, por decisão dos docentes, a entrega dos objectivos individuais, uma das primeiras etapas do processo, foi adiada sine die. "Sejam quais forem as ordens que vierem, as coisas estão paradas e vão continuar assim, porque não é possível ser de outro modo, aquilo não se consegue aplicar", insiste Rosário, que, no entanto, reconhece: "Não está a ser fácil" - o ambiente nas escolas, a crispação que já se sente entre professores, as consequências financeiras, para eles, de mais greves.


Não se vêem faixas nem símbolos dos sindicatos. Emília Gregória é professora titular do 1.º ciclo. Fez greve e está a desfilar em Sintra. Um voto sobre o dia de ontem: "Espero que ajude a acabar com esta intransigência entre Governo e escolas". Perto da D. Carlos I, um pequeno grupo de alunos bate palmas à passagem dos professores. Gritam que os apoiam. Respostas às perguntas do PÚBLICO. Tiago: "A ministra só faz porcaria". Serena: "Estão a dar muito trabalho aos professores e depois eles andam cansados". Cláudia: "A escola devia era acabar. Só nos chateia".


 


Números da adesão apontam para mais de 90 por cento, sindicatos
A greve de professores agendada para hoje está a mobilizar mais de 90 por cento dos professores, garantem os sindicatos, enquanto o Ministério assegura que a maioria das escolas está aberta.
"A adesão é muito acima dos 90 por cento. O desafio era fazer desta a maior greve dos últimos 20 anos, mas temos aqui a maior de sempre em Portugal", afirmou o porta-voz da Plataforma, Mário Nogueira, em declarações aos jornalistas.
De acordo com o também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), os sindicatos já dispõem de dados relativos à adesão ao protesto em "largas dezenas de escolas", tendo apenas informação de uma escola com uma participação abaixo dos 90 por cento.
Já o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, garantiu hoje que "a maioria das escolas está aberta", apesar de reconhecer que a paralisação conta com "elevados níveis" de participação.
"Apesar dos elevados níveis de adesão, a maioria das escolas está aberta. Algumas com aulas, outras eventualmente sem aulas", afirmou o responsável, em declarações à TSF.
A Escola que teve a melhor média na primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário, a Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, é um exemplo do que refere o secretário de Estado: apesar de estar a registar "uma greve histórica", nas palavras da presidente do conselho executivo, as suas portas estão abertas e os alunos podem permanecer nos espaços de convívio ou na biblioteca.
Segundo a presidente do Conselho Executivo, Maria do Rosário Gama, a totalidade dos professores aderiu à greve no primeiro tempo de aulas e nenhuma das 45 aulas com início previsto para as 08:30 estava a decorrer.
Esta adesão "demonstra o descontentamento que existe na classe docente devido ao modelo de avaliação e ao Estatuto da Carreira Docente", considerou a professora, adiantando que em greves anteriores apenas "uma meia dúzia" de professores do estabelecimento tem paralisado.
Já em Évora, a escola EB1 Heróis do Ultramar apresentava hoje o portão fechado e nele se lia que "Todos os professores desta escola aderiram à greve. Por isso, não há aulas".
Noutras escolas de Évora, dos vários graus de ensino, também não houve aulas, apesar de, nalguns casos, os portões estarem abertos.
Durante a manhã, dezenas de professores concentraram-se na Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas" de Évora, para explicar à população os motivos da greve.
Na Escola EB 2,3 e Secundária Clara de Resende, no Porto, segundo dados fornecidos à Lusa por uma funcionária, dos cerca de 20 professores com aulas marcadas para as 08:15 apenas quatro se encontravam no interior da escola e destes apenas dois estavam a trabalhar, os restantes estavam em greve.
Na escola da Quinta dos Passarinhos, em Sines, os únicos avisos que alertavam para a possibilidade da inexistência de aulas durante o dia de hoje eram um cartaz afixado no portão, redigido pelo Conselho Executivo, e as advertências da funcionária de serviço.
Dos nove professores da escola, encarregados de dar aulas a mais de 200 alunos, só dois compareceram hoje, além de outros dois, das disciplinas extra-curriculares, mas de resto tudo se mantém inalterado.
“É tudo igual”, responde a funcionária, referindo-se ao almoço, cuja ementa está afixada no portão.
Os sindicatos dos professores convocaram para hoje uma greve nacional para protestar contra o modelo de avaliação de desempenho definido pelo Governo, que querem ver suspenso.
Lisboa, 03 Dez (Lusa) - JPB/MCS/MLM/RE/PM.

 

 

Luta. Já tinham surgido vozes no interior da Plataforma sindical a apelar ao diálogo com o Ministério da Educação e ontem os dirigentes sindicais instaram o Ministério da Educação a apresentar "novidades significativas" de forma a desbloquear o impasse provocado pelo actual modelo de avaliação. Em troca, propõem-se suspender os protestos


A greve nacional de professores de amanhã ainda pode ser desconvocada, caso o Ministério da Educação apresente durante o dia de hoje propostas para desbloquear o impasse na avaliação. Depois das declarações de Filipe do Paulo, presidente da Pró-Ordem dos professores, a colocar em causa a realização da greve, outros dirigentes da Plataforma reconheceram que ainda seria possível sus- pender o processo, mas apenas se o Governo se mostrar disponível para "um diálogo franco e transparente".

 

Esta ideia é veiculada num comunicado de membros da direcção da Pró-Ordem, destinado a criticar as posições de Filipe do Paulo. Os membros da associação de professores mantêm a sua adesão à greve de amanhã, "a menos que a Plataforma Sindical entenda suspendê-la", o que só pode acontecer "partindo do pressuposto da suspensão do famigerado modelo de avaliação que o Ministério pretende impor", dizem.

 

Se tomarmos em atenção as tomadas de posição públicas de dirigentes sindicais nos últimos dias, as propostas do Ministério e a abertura ao diálogo estão a gerar reacções no interior da Plataforma. Eleonora Bettencourt, do Sindicato dos Professores do Pré-Escolar e Ensino Básico, entende que o Ministério da Educação não está disponível para ponderar outros modelos de avaliação, o que obriga à discussão do existente. Embora reconheça avanços na rectificação de problemas do processo actual, a dirigente do Sippeb afirma que "o Ministério teria de dar mais garantias aos sindicatos, para que voltássemos atrás".

 

Outro dirigente da Plataforma, o líder da Federação Portuguesa dos Profissionais da Educação, Ensino, Ciência e Cultura (FEPECI), adianta mesmo que gostaria de ter razões, ainda durante o dia de hoje, para desconvocar o protesto. "Essa é uma decisão que teria de ser tomada pela Plataforma, se o Ministério da Educação apresentasse novidades significativas", acrescenta José Nóbrega Ascenço, sem concretizar se essas medidas redundam apenas na suspensão do processo de avaliação.

Ideia logo concretizada pelo porta--voz da Plataforma sindical, que informa que a greve podia de facto ser suspensa, mas sujeito à condição de este modelo ser colocado de parte.

A concretizar-se, como tudo indica que vai acontecer, o protesto de amanhã poderá redundar na maior greve sectorial realizada em Portugal. Os sindicatos dos professores esperam uma adesão acima dos 90%. "Vamos ter uma adesão maciça, não absoluta, como é obvio, mas muito próxima disso", acredita Carlos Chagas, do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep). "Depois da greve, o Governo vai ter de reflectir sobre este modelo de avaliação, porque os professores estão convictos. Queremos uma avaliação ainda este ano, mas se o Ministério insistir neste modelo não vamos a lado nenhum", acrescenta o sindicalista.

 

Ao que o DN apurou, a par da greve, os professores estão a preparar reuniões nas escolas para debater os problemas da educação e manifestações - nomeadamente na zona do Oeste e na área metropolitana de Lisboa - sendo que já contactaram governadores civis para concretizarem essa intenção.

Fonte Diário de Notícias, edição de 2 de Dezembro de 2008. Ligação para a notícia (aqui).

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