No seguimento do apelo lançado pela Federação Sindical Europeia dos Serviços Públicos (FSESP), os trabalhadores do sector público protestam hoje, dia 30 de Novembro, contra as medidas de austeridade em mais de 25 países europeus.
Essas acções traduzem-se em greves, manifestações e encontros públicos.
Na Grã-Bretanha, os sindicatos opõem-se às alterações ao sistema de pensões dos trabalhadores da Administração Pública por ocasião da maior greve desde 1926. Em Portugal, após a greve geral com mais sucesso desde o fim da ditadura, os sindicatos manifestam-se durante a votação das novas medidas de austeridade no Orçamento de Estado para 2012, no Parlamento. Em França, os sindicatos organizam uma jornada nacional de luta com manifestações pelo país e antecipam uma greve maior dentro de 2 semanas.
Na Bulgária, será realizada uma manifestação nacional. Os sindicatos belgas organizam uma acção de protesto diante das embaixadas gregas e britânica no dia 30, em sinal de solidariedade com os sindicatos gregos e britânicos e participarão numa grande manifestação nacional no dia 02 de Dezembro. Os sindicatos gregos convocaram uma greve para dia 01 de Dezembro. Esta lista cobre virtualmente todos os Estados-membros da União Europeia e a maioria dos países europeus (www.epsu.org/a/8178).
Entretanto, a Comissão Europeia adoptou, no dia 23 de Novembro, a segunda análise anual de crescimento, que mantém a sua política relativamente às reformas das Administrações Públicas em termos puramente económicos sem se preocupar com o modo de desenvolvimento dos serviços públicos de qualidade, essenciais nestes tempos de crise económica. A Comissão entende que uma austeridade coordenada é uma solução para sair do apuro económico no qual os especuladores e os banqueiros gananciosos nos mergulharam. Os sindicatos dos serviços públicos esperavam uma focalização sobre os investimentos e o crescimento de modo a lutar contra a elevada taxa de desemprego e o empobrecimento crescente da União Europeia. A FSESP está certa de que é necessária uma mudança de política, para sair da austeridade, eliminar os empregos precários e as desigualdades, para caminhar para uma justiça social e uma taxação mais justa.
É por esta razão que os trabalhadores, da Escócia até à Grécia, passando por Portugal e pela Polónia, lançarão o seu grito de revolta no dia 30 de Novembro.
“A Europa tem de tomar uma posição firme sobre o desenvolvimento sustentável, a taxação justa, investimentos nos serviços públicos, mais igualdade e menos pobreza”, afirmou a Secretária-Geral da FSESP, Carola Fischbach-Pyttel.
A FSESP enviou uma carta ao Presidente da Comissão Europeia (www.epsu.org/a/8159) exigindo a instauração, na Europa, de uma taxa sobre as transacções financeiras (TTF), como a primeira etapa para uma TTF mundial. A FSESP defende uma justiça fiscal com base em sistemas de imposição progressiva. A Europa deve abolir os paraísos fiscais, combater a corrupção, a fraude fiscal e a evasão fiscal das empresas.
Os sindicatos dos serviços públicos lutam também pelo direito à negociação colectiva e pela autonomia dos sindicatos e dos empregadores. A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu devem pôr termo à sua ingerência nas relações profissionais e na negociação colectiva. A FSESP também está preocupada com a lista interminável de reivindicações políticas que visam reforçar a coordenação económica e o controlo dos orçamentos, o que irá ao encontro do debate democrático que deve prevalecer nas políticas europeias.
“Este primeiro dia de acção europeia é o início de um processo que visa dar ao povo europeu um verdadeiro sentido de unidade. As actuais políticas na Europa irão destruir tudo pelo qual combatemos nas últimas décadas. Dizemos não à loucura da austeridade coordenada e sim a uma Europa social e democrática”, conclui a Secretária-Geral da FSESP.
A FSESP também apoia as acções futuras que decorrerão nas próximas semanas nos países-membros da União Europeia.