O parlamento grego aprovou as novas medidas de austeridade, no meio de uma onda de protestos violentos que está a deixar Atenas num clima de guerrilha urbana. Os manifestantes usaram bombas incendiárias, pela primeira vez num protesto na Grécia, e vários edifícios, alguns deles históricos, foram incendiados.
A Grécia aprovou, este domingo, cinquenta minutos após a hora prevista do início da votação, o memorando de entendimento com a 'troika', que define um novo pacote de austeridade, condição para Atenas receber o segundo resgate, que livra o país da bancarrota.
Os deputados do Parlamento grego votaram às 22.50 horas em Portugal continental (0.50 de segunda-feira, em Atenas) o novo plano de austeridade que a 'troika' do Fundo Monetário Internacional (FMI), da União Europeia (UE) e do Banco Central Europeu (BCE)exigem como condição para o país receber um segundo pacote de resgate, de 130 mil milhões de euros, sem o qual irá à bancarrota.
A aprovação do plano de austeridade causou mossa nmo Governo, com a expulsão de 43 deputados, que não respeitaram a disciplina partidária e votaram contra o acordo. Nas ruas de Atenas, contam as agências France Press e Reuters, vive-se "um clima de guerrilha urbana", com confrontos entre polícias e manifestantes.
Edifícios públicos, incluindo dois cinemas históricos, e diversos estabelecimentos ainda ardiam durante a noite no centro de Atenas, enquanto nas imediações os deputados prosseguiam a discussão e votação do novo acordo com a troika internacional, conta o enviado da agência Lusa.
Os despojos dos violentos confrontos espalhavam-se por diversas ruas que desaguam na praça Syntagma, onde no final da tarde uma manifestação convocada pelas duas centrais sindicais e a generalidade das formações de esquerda foi subitamente dispersa pela polícia.
Grandes vasos partidos em cacos nas ruas, com a terra espalhada, laranjas arrancadas das árvores, caixotes de lixo derrubados, montanhas de dejectos a fumegar no meio das artérias e que se acumularam devido à greve geral cumprida na sexta-feira e no sábado, pedras, estruturas de madeira arrancadas das esplanadas, tudo serviu para os confrontos entre a polícia e os grupos de contestatários organizados, que entraram em acção quando o grosso da manifestação, com gente de todas as idades e condições, ia sendo expulsa da praça Syntagma, com o Parlamento ao fundo, onde foi aprovado o novo pacote de austeridade.
O documento inclui um novo calendário de privatizações e planos de reformas estruturais ao nível fiscal e no sistema de justiça e define a meta de um défice orçamental primário inferior a 2,06 mil milhões de euros em 2012, para chegar ao final de 2013 com um excedente primário de, pelo menos, 3,6 mil milhões de euros, que deverá subir para 9,5 mil milhões de euros, em 2014.
O pacote de austeridade prevê, entre outras medidas, colocar 15 mil funcionários públicos numa reserva de trabalho, pagos a 60% do salário-base, antes de serem demitidos depois de um ano ou dois.
Prevê ainda o corte de 22 por cento do salário mínimo e diminuir as pensões e pensões complementares de maior valor de forma a poupar 300 milhões de euros, para além de outras medidas.