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A formiga no carreiro

Subsídios de férias e de Natal

 

Os trabalhadores, os reformados e os pensionistas da Administração Central, Regional e Local, sentem-se enganados com o anúncio do Primeiro-Ministro relativamente à extensão, por mais um ano, dos cortes nos subsídios de férias e de Natal.

 

Em entrevista dada à Rádio Renascença,Passos Coelho contradisseo que anteriormente afirmara, desmentindo outros membros do Governo, entre os quais o Ministro das Finanças que há menos de 24 horas, havia frisado que a reposição dos subsídios de férias e de Natal se faria a partir de 2014.

 

O SINTAP repudia e considera inaceitável a extensão anunciada, bem como a possibilidade dessa reposição ser feita de forma faseada, colocando inclusivamente sérias dúvidas quanto à legalidade desse faseamento.

 

Assim, o SINTAP apela ao Governo para que, com seriedade e respeito pelos trabalhadores e reformados e pelos compromissos que com eles assumiu, clarifique, de uma vez por todas, esta situação, colocando um ponto final no crescente clima de instabilidade e desconfiança que se instalou na Administração Pública.

 

Não se tratando de uma medida expressamente acordada com a Troika, resultando apenas das opções políticas e financeiras impostas pelo Governo aos trabalhadores e aos reformados, o SINTAP procurará respostas concretas quanto a esta matéria na reunião que manterá no próximo dia 10 com o Secretário de Estado da Administração Pública.

 

Face à situação crítica vivida por muitos milhares de trabalhadores da Administração Pública, vítimas de anos de políticas de ataque aos seus direitos que têm conduzido ao crescente empobrecimento e à penhora de salários por incapacidade de pagamento dos compromissos financeiros que assumiram, merecem muitos mais do que mentiras e promessas rompidas.

 

Lisboa, 5 de Abril de 2012

Os funcionários públicos foram dos mais sacrificados com as medidas de austeridade. Além dos aumentos dos impostos, válidos para a generalidade dos trabalhadores, sofreram cortes nas remunerações, ficaram sem os subsídios de férias e Natal e estão proibidos de progredir na carreira pelo menos até ao final do programa de ajustamento financeiro. Além disso, correm o risco de serem dispensados do serviço, dado o programa de redução de organismos e estruturas públicas que já está em curso.

 

"Os trabalhadores estão cada vez pior, em termos de motivação e de perspectivas futuras. A situação é muito má, há uma discriminação inaceitável face ao sector privado, pois são os trabalhadores do Estado que estão a pagar a maior factura da crise", salienta ao Diário Económico o presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Bettencourt Picanço.

Também o dirigente da Frente Sindical da Administração Pública (Fesap), José Abraão, traça um retrato muito negativo para o sector: "Os funcionários estão mais pobres, cada vez mais endividados e muitos já têm os salários penhorados para pagarem as dívidas".

 

A suspensão dos subsídios de férias e de Natal que entrou em vigor este ano e que terminará no final do programa de ajustamento, como garantiu o Governo, a somar aos cortes médios salariais de 5% aplicados na Função Pública "levou a uma quebra salarial de mais de 20%" e sem contar com os aumentos de impostos, sublinha José Abraão. A somar a estas reduções remuneratórias, está ainda o corte para metade no valor pago pelas horas extraordinárias, que passou a corresponder a 25% da remuneração na primeira hora e 37,5% nas seguintes.

"A instabilidade, a insegurança e a desmotivação dos trabalhadores são marcos significativos a que o Governo deveria estar mais atento", adianta o dirigente da Fesap, criticando ainda a "falta de equidade" do Governo na aplicação das medidas de austeridade.

José Abraão fala ainda numa "enorme angústia sentida pela maioria dos trabalhadores", que temem vir a perder o seu posto de trabalho na sequência da reestruturação e extinção de vários organismos do Estado.

 

É que, com a aplicação do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC), que prevê a extinção de 40% dos organismos públicos, o número de trabalhadores em mobilidade especial deverá aumentar. E, entretanto, o Governo já aprovou maiores cortes salariais para quem for colocado nesta situação de inactividade. Nos dois primeiros meses sem trabalhar, os funcionários mantêm o salário por inteiro, mas nos dez meses seguintes, passam a receber 66,7% da remuneração (contra os anteriores 83%). Após esse período, ficarão com metade do salário (contra os anteriores 66%). Quem recusar iniciar funções no Estado perde direito ao salário durante, pelo menos, 12 meses.

"Dado este cenário e a garantia do Governo de que não haverá mais austeridade, não quero crer que haja mais medidas no futuro que penalizem os trabalhadores da Administração Pública", rematou o dirigente da Fesap.

 

Recorde-se que o Governo terá de cumprir uma meta de redução de pessoal de 2% ao ano na Função Pública até 2013, mas já assegurou que não haverá despedimentos. O emagrecimento será feito, segundo o Executivo, pela via da aposentação e das restrições nas contratações de pessoal. Porém, o programa do Governo previa a agilização das rescisões por mútuo acordo no Estado, mas até agora ainda não foram conhecidas quaisquer medidas nesse sentido.


Além das medidas orçamentais, o Governo está agora a negociar com os sindicatos a aproximação das regras laborais do sector público (Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas) às do privado (Código do Trabalho). Entre as medidas mais polémicas está a mobilidade geográfica e a criação de bancos de horas.


As medidas

 

Sem subsídios de férias e de Natal
O Governo garante que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal é uma medida temporária, para vigorar até ao final de 2014. Assim, até lá, os funcionários públicos com salários superiores a 600 euros terão uma redução progressiva nos subsídios. A partir de 1.100 euros o corte é de 100% no 13º e 14º mês. A medida também afecta todos os pensionistas.

 

Redução de salários de 2011 mantém-se
Com o Orçamento do Estado para 2011, o Governo de José Sócrates definiu cortes salariais médios de 5% no Estado para os funcionários que ganham acima de 1.500 euros brutos. O actual Executivo decidiu manter os cortes durante o programa de ajustamento. O corte varia entre 3,5% e 10%, sendo o patamar mais baixo aplicado às remunerações que se situam entre os 1.500 euros e os dois mil euros.

 

Progressão na carreira proibida
O actual Governo decidiu manter a proibição de revalorizações remuneratórias durante o programa de ajustamento, o que significa que nenhum trabalhador do Estado poderá progredir na carreira mesmo que tenha reunido as condições para o efeito na avaliação de desempenho. Excepto os trabalhadores que tinham reunido as condições até Dezembro de 2010.

 

Restrição nas novas contratações
As contratações de novos trabalhadores na Administração Pública estão praticamente proibidas. Só em casos excepcionais e com autorização do ministro das Finanças são admitidos novos funcionários, segundo a lei. Esta norma servirá para o Governo cumprir a meta de redução de pessoal de 2% ao ano na Administração Pública, conjugada com as saídas por aposentação.

FESAP, STE e Frente Comum manifestaram, esta noite, à TSF, a sua indignação perante o anúncio feito hoje pelo primeiro-ministro em relação aos subsídios de Natal e de férias.

 

Em entrevista à Rádio Renascença, o primeiro-ministro anunciou que os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos e pensionistas só começarão a ser repostos em 2015 e de forma gradual, porque o mais provável é que o Estado não tenha condições para, nessa altura, os voltar a pagar na íntegra.

Perante este anúncio, Nobre dos Santos, da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), diz que as notícias dadas pelo primeiro-ministro vão certamente condicionar negativamente as negociações na concertação social. O dirigente diz-se revoltado e desgostoso.

 

«Desgosto porque de facto aos pessoas não têm condições para acreditar nos políticos, nomeadamente no primeiro-ministro deste país que fez um determinado tipo de afirmações e hoje confronta os trabalhadores da administração pública com um 'murro no estômago', como ele disse. Isto é inqualificável», afirmou.

Também o coordenador do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) não esconde a indignação. Bettencourt Picanço acusa o Governo de não falar a uma só voz.

«Nós últimos dias as vozes têm sido vários, O secretário de Estado a dizer que afinal o corte é só em 2012 e 2013, um vice-presidente do partido a dizer que não se sabe bem se os subsídios vão voltar a ser repostos, e agora o primeiro-ministro a dizer que afinal é só em 2015. Seria bom que houvesse uma só voz a dizer o que vamos ter no futuro», destacou.

Pela Frente Comum, a dirigente Ana Avoila diz que o que se passou nos últimos dias foi uma encenação, primeiro veio a Comissão Europeia acenar com a hipótese de um corte permanente dos subsídios para agora o primeiro-ministro ficar bem dando uma notícia menos má.

«O que o Governo se prepara para fazer, com o apoio da Comissão Europeia porque já fica claro que isto foi tudo preparado no sentido de criar um clima psicológico para hoje o primeiro-ministro vir dizer que só a partir de 2015 é que vai repor os subsídios gradualmente, é enganar as pessoas», alertou Ana Avoila.

 

O primeiro-ministro diz que a reposição dos subsídios de férias e Natal à função pública só acontecerá em 2015 e de forma gradual. O ministro das Finanças tinha dito, pela manhã, que o corte só duraria durante a vigência do programa de ajuda.

 

Pedro Passos Coelho afirmou, em entrevista à Rádio Renascença, que a reposição dos subsídios só acontecerá em 2015. 

Interrogado sobre a duração dos cortes e a reposição dos pagamentos, Passos Coelho afirmou: “Eu creio que é depois de 2014, porque o nosso programa de ajustamento decorre até 2014. Portanto, só depois disso, como é evidente, e tem uma base anual. Portanto, a partir de 2015 haverá reposição desses subsídios”. No âmbito do programa da troika, Portugal recebe a última tranche de ajuda em Junho de 2014.

Esta manhã, numa audição na Assembleia da República, o ministro das Finanças tinha reiterado a posição de que o corte só iria durar durante o programa de assistência financeira a Portugal. “Esta é a posição que o Governo tem, é a que sempre teve”, garantiu Vítor Gaspar, salientando que esta questão não foi discutida na última avaliação do programa de ajustamento. 

Mas, na entrevista à Rádio Renascença, Passos Coelho revela que a reposição dos subsídios será feita de forma gradual. O primeiro-ministro adianta também que existe a possibilidade de o valor dos subsídios ser redistribuido pelos 12 salários de um ano e que essa ideia pode estender-se ao sector privado.

Notícia corrigida às 19h10, tendo sido eliminada a parte onde se referia que o ano de 2015 é "um ano mais tarde do que estava inscrito no Orçamento de Estado para 2012". Foi também corrigida a parte em que se dizia que Vítor Gaspar afirmou hoje que os cortes vigorariam durante 2012 e 2013, quando, esta manhã, a referência usada foi a da vigência do programa de assistência. 

 


 

 

Entrevista de Pedro Passos Coelho à Rádio Renascença (aqui)

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