A PSP contou 1400 pessoas nas manifestações do 1º de Maio que este ano decorreram sem incidentes e com pedidos de mais democracia e liberdade de imprensa.
Partiram de locais diferentes e chegaram à sede do Governo, na Avenida da Praia Grande, a conta gotas a partir das 16h. Nas contas da PSP foram 1400 pessoas que se juntaram aos protestos do 1º de Maio deste ano, entre membros de sete associações e manifestantes em nome próprio. Na linha da frente estavam os trabalhadores do ramo da construção com palavras de ordem bem definidas e sintetizadas por Leung Kai Man.
“A economia está numa fase próspera, mas os conflitos sociais e a insatisfação tendem a aumentar. Os preço dos imóveis continuam elevados e os nossos salários não acompanham essa tendência de subida porque o Governo é evasivo e não consegue estabilizar o mercado imobiliário”, atirou o manifestante que seguia à frente de Pereira Coutinho.
Em passo lento, o deputado à Assembleia Legislativa – o único juntamente com os três representantes do sector pró-sufrágio universal Au Kam San, Chan Wai Chi e Ng Kuok Cheong – fez questão de realçar que participava na marcha do Dia do Trabalhar em nome próprio. Quanto às reivindicações, o discurso pautou-se pela crítica feroz a um Executivo “preguiçoso” que se deixa “manipular” por “um pequeno número de senhores que continuam a controlar os poderes públicos”.
O aumento de quatro deputados eleitos pela via directa voltou a estar na boca de Coutinho que relembrou ainda a discriminação que existe no mundo laboral de Macau. “Em termos de licença de maternidade, as senhoras só têm 56 dias. Mas outras, de primeira classe da função pública, têm 90 dias. Por outro lado, por que é que exploram os trabalhadores dos casinos no que diz respeito aos subsídios de trabalho nocturno e por turnos? Eles também são trabalhadores. Por que é que não pagam? É uma exploração”, descreveu.
No grupo do também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública, que não compareceu oficialmente no protesto, estava Fernando Gomes. Afastado das manifestações do 1º de Maio desde 2007, ano em que a polícia disparou tiros para o ar, o conselheiro de Macau junto do Conselho das Comunidades Portuguesas começou por explicar que os número de participantes mostram que “há uma preocupação […] para atingir maior abertura e democraticidade na Assembleia Legislativa”.
Para atingir o sufrágio universal, uma meta que deve ser alcançada “de forma gradual”, Gomes defendeu que é necessário apostar em mais formação cívica para toda a sociedade. Uma lacuna que já vem do tempo da Administração portuguesa.
“Infelizmente, com 13 anos sobre a entrega da soberania, essa formação cívica não melhorou quase nada. Não está estruturada e nem parece que há um calendário para estes fins. Discute-se muito, mas é só verborreia”, criticou o conselheiro.
Os cheques do Governo também foram um tema em destaque na manifestação. O colunista e comentador televisivo da TDM chinesa, Wong Tong, descreveu a medida como “campanha política” que tem como objectivo “calar a boca” dos residentes.
“As sete mil patacas deveriam de ser convertidas para um sistema de segurança social”, explicou Wong, acrescentando que, nesta altura, seria mais indicado o Executivo “reforçar o apoio monetário para os mais desfavorecidos”.
O grupo da Juventude Dinâmica foi um dos mais activos no protesto. Saíram da Rua da Tranquilidade às 15h, passaram pelas instalações da TDM para criticar a falta de liberdade de imprensa do canal chinês (ver caixa) e, já no final do dia, chegaram à sede do Governo. Foi a última etapa do Dia do Trabalhador em Macau.
Integrado entre os jovens manifestantes estava Wong Pui Sam que é igualmente membro de uma associação de trabalhadores. O que o preocupa?
“A questão dos estudantes do Continente que vêm para Macau. Claro que não queremos ter um confronto entre os alunos da China e os locais, mas sabemos que as empresas querem praticar salários mais baixos, porque os alunos do Continente podem aceitar propostas mais baixas”, resumiu o manifestante.
Perigo de contágio
Espectador atento do 1º de Maio em Macau, desde a sua chegada ao território, António Katchi lamentou o facto das sete associações que participaram nos protestos não terem chegado a um acordo para realizar uma manifestação em bloco.
“É óbvio que é melhor haver estas manifestações desencontradas e separadas do que não haver, mas eu gostaria de recordar que as grandes manifestações de 2006 e 2007 juntaram diversas associações com partida do mesmo local e à mesma hora. E foi a grande manifestação de 2007 que teve algum impacto e que obrigou o Governo a tomar a algumas medidas, ainda que miseráveis”, apontou o jurista.
Sobre o percurso definido pelas autoridades, que risca do mapa a Avenida de Almeida Ribeiro, junto à Praça do Leal Senado, Katchi diz que a opção serve para “esconder as manifestações dos turistas da China Continental” porque as autoridades “têm medo que se estabeleçam laços entre o movimento operário e os movimentos democráticos da China Continental, Macau, Hong Kong e Taiwan”.
Sobre a participação dos residentes nas comemorações do Dia do Trabalhador, António Katchi lembrou que “pode haver pessoas com receio, justificado ou não, de receber represálias”. “Por exemplo, no caso da Administração Pública, acho que é um facto. As pessoas sofrem muitas pressões, perseguições, ameaças”, enumerou.
Em situação precária, acredita Katchi, estão também os trabalhadores dos casinos. Como resolver este impasse? “Se se organizassem e ameaçassem com uma greve, talvez houvesse prontidão das concessionárias e do Governo no sentido da satisfação das reivindicações”, argumentou.
Alerta pelo ambiente
Uma das grandes novidades do 1º de Maio deste ano foi a batalha por um nível mais elevado de qualidade de vida no território. Uma reivindicação que, no caso de um grupo de jovens (cujo nome, traduzido para inglês, Angry Birds) traduzido para inglnto a TDM chinesa, Wong Tong, descreveu a medida como “i diz que a opçorteé Angry Birds) que se juntou à Juventude Dinâmica desde a concentração na Rua da Tranquilidade, era alargada às espécies animais que habitam a zona dos mangais junto às Casas-Museu da Taipa.
Recorde-se que o Centro de Informação da Segurança Rodoviária deverá ser relocalizado nessa área. A mudança, ao que tudo indica, deverá “roubar” o habitat de uma população de garças.