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A formiga no carreiro

O Governo adiou a apresentação aos sindicatos da solução para os subsídios de férias e de Natal em 2013.


Na semana passada, o secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, comprometeu-se a divulgar esta terça-feira como vai pagar os subsídios de férias e de Natal em 2013. Afinal, as medidas mais “dolorosas” na área da função pública só serão apresentadas aos sindicatos depois de o ministro das Finanças apresentar as linhas mestras do Orçamento do Estado.

Os sindicatos não receberam qualquer documento e a reunião agendada para a próxima segunda-feira será adiada para 10 de Outubro.

O ministro das Finanças irá dar, na quarta-feira, algumas respostas na conferência de imprensa para apresentar as medidas alternativas à Taxa Social Única (TSU).

“Embora as medidas já tenham sido aprovadas pela Comissão Europeia, o compromisso do Governo era que enviaria um documento esta terça-feira”, reagiu José Abraão, dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP).

A FESAP lamenta que as medidas sejam apresentadas por Vítor Gaspar antes de serem negociadas com os parceiros e questiona se ainda haverá “espaço de manobra para a negociação”.

Além da questão dos subsídios de férias e de Natal, falta saber como serão feitos os cortes nas pensões acima de 1500 euros e se a idade de reforma dos trabalhadores do Estado vai mesmo aumentar para os 65 anos no próximo ano. Em cima da mesa estarão ainda medidas que permitam reduzir a despesa com a Administração Pública e que permitam compensar o recuo no aumento da TSU.


"A consolidação orçamental alcançada até ao momento deveu-se em grande parte à redução das despesas com pessoal", dizem peritos orçamentais


A redução do défice orçamental deste ano está a ser obtida maioritariamente pelo lado da despesa com pessoal, dizem os peritos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que trabalha no Parlamento.


Na análise sobre a execução orçamental em contabilidade pública no período de janeiro a agosto, divulgada ontem, a UTAO repara que "a consolidação orçamental alcançada até ao momento deveu-se em grande parte à redução das despesas com pessoal. Até agosto, as despesas com pessoal da administração central e segurança social (sem Entidades Públicas Reclassificadas) diminuíram 1342 milhões de euros (-15,5%), uma variação que representa cerca de dois terços da redução da despesa corrente primária".


Esta despesa primária não inclui os juros que Portugal paga pela dívida, designadamente os encargos financeiros do empréstimo da troika.

"Apesar da redução homóloga acumulada ter sido ligeiramente menos acentuada (em 0,5 pontos percentuais), esta continua a comparar favoravelmente com o objetivo (-13%), quando ainda não ocorreu o impacte decorrente da suspensão do subsídio de Natal dos funcionários públicos".

Ainda assim, avisa a UTAO, "a redução do défice orçamental (em termos ajustados) alcançada até agosto continua bastante aquém da prevista para o conjunto do ano, embora ainda falte contabilizar o efeito da medida de suspensão/redução dos subsídios de Natal dos funcionários públicos e pensionistas". Esse efeito esperado de novo alívio no défice (menos despesa) acontecerá em novembro.


Ministro da Economia garantiu que a flexibilização do trabalho já está garantida e que o Executivo está a fazer tudo para manter a coesão


O Governo não pretende fazer mais alterações à legislação laboral, depois da entrada em vigor do novo Código do Trabalho, a 1 de agosto. Quem o garantiu foi o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, durante a conferência Dinheiro Vivo/Millennium bcp "Lançar, Fazer, Investir", realizada ontem no Hotel Tivoli, em Lisboa.

"Fizemos uma grande reforma laboral baseada no memorando de entendimento e foi trabalhada à vírgula com os parceiros sociais", lembrou. "O que está no memorando de entendimento será cumprido, não há intenções de aprofundar mais aquilo que foi feito. Entendemos que o essencial está feito a nível da reforma laboral", concluiu. O debate, em que também participaram o fundador da h3, Albano Homem de Melo, e o presidente do Millennium bcp, Nuno Amado, trouxe à discussão a contestação gerada pela alteração à taxa social única (TSU), que entretanto foi cancelada.


Santos Pereira considerou mesmo que o Governo está a fazer o que pode para manter a coesão social. Apesar de frisar que "não há alternativa à consolidação orçamental", o ministro admite que "a única forma de aplicar um programa de ajustamento altamente exigente é a manutenção da coesão social", algo que é essencial "para Portugal continuar a ser diferente dos países que estão em crise".

Santos Pereira reagia à intervenção de Homem de Melo, sócio da marca de hambúrgueres gourmet, que afirmara que "Portugal tem vantagens e uma é a coesão social, um bem raro em países em crise", responsável por 10% da geração de riqueza no País. "Tem mais valor para a economia do que o potencial de acelerador económico que a TSU teria." Uma ideia apoiada pelo banqueiro, que considera a coesão essencial. "Empresas e particulares fazem sacrifícios, mas é o único caminho para não haver um problema ainda maior", avisou Nuno Amado.


O presidente do Millennium bcp disse ainda que o financiamento às pequenas e médias empresas (PME) "devia ser aprofundado e especializado". Apontou para o problema de "sobrefinanciamento da economia" conjugado com um "subfinanciamento do sector industrial e agrícola" e assegurou que o BCP pretende reforçar a sua operação neste sentido - isto é, tornar-se o principal banco financiador das PME.

A questão foi amplamente debatida, até porque se encontra em discussão a privatização parcial da Caixa Geral de Depósitos. O ministro da Economia não quis referir-se à CGD em particular e não esclareceu qual a intenção do Governo para o banco público em 2013, reconhecendo que "as questões do financiamento são as mais prementes" para as empresas. Mas deixou o aviso: não podem continuar a sobreendividar-se. "As empresas estão muitíssimo endividadas, não podemos continuar a assumir apenas esse caminho. Temos de percorrer o caminho de recapitalização", afirmou. "Estamos a trabalhar com as instituições financeiras e com as próprias empresas para desenhar mecanismos que aumentem a capitalização."


Homem de Melo, que avançou em 2011 com a internacionalização da h3, deixou uma crítica velada à CGD. "Não notamos que haja diferença por ser um banco público ou privado", afirmou, notando que há uma cada vez maior demora na resposta a pedidos de financiamento. Quanto à privatização, não vê problemas. "A economia devia ser o mais privada possível, não por uma questão ideológica, mas por uma questão prática."

Nuno Amado, um dos interessados no desfecho desta operação, limitou-se a referir que é "favorável estruturalmente a que o Estado não tenha meios de produção", embora mantendo "mecanismos de previsão adequados", com fomento da concorrência e alguns "serviços essenciais ao público".


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