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A formiga no carreiro

Funcionários públicos que continuem em funções depois dos 65 anos terão as mesmas bonificações nas reformas que o sector privado. Executivo garante cumprimento «escrupuloso» da Constituição na reposição dos subsídios.
O Governo está disponível para, a partir de 2013, atribuir aos funcionários públicos as mesmas bonificações que os trabalhadores do sector privado têm nos valores das reformas, se continuarem a trabalhar além dos 65 anos.

A medida foi discutida na última ronda negocial entre o Ministério das Finanças e a Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP), com o secretário de Estado, Hélder Rosalino, a mostrar abertura para promover a convergência total dos dois regimes.


A discussão surgiu na sequência do Orçamento do Estado para 2013 (OE2013), em que a idade de reforma do Estado passa para 65 anos já no próximo ano. A convergência com o sector privado já estava em curso, mas de uma forma faseada. Este ano, a idade de reforma no Estado está em 63,5 anos, e deveria avançar para 64 anos em 2013. Em 2014, seria de 64,5 anos, e os 65 anos só chegariam em 2015.


Com a alteração proposta no OE2013, deixa de haver esta progressão. Em 2013, os funcionários públicos só poderão ir para a reforma se tiverem 65 anos e 15 anos de serviço.

Mas, apesar de o Governo ter aumentado a idade de reforma em linha com o sector privado, a proposta do OE2013 é omissa quanto às bonificações a atribuir no caso de quem queira prolongar a vida activa a partir de 2013, o que levou a FESAP a questionar o secretário de Estado sobre o tema, revelou ao SOL, José Abraão, dirigente desta estrutura sindical.


No sector privado, a bonificação da pensão para quem trabalhe mais do que os 65 anos pode ir até 1% por mês, nas carreiras contributivas mais longas. No sector público, as bonificações também estão previstas na lei, mas a sua aplicação estava dependente da evolução gradual da idade de reforma, inicialmente, prevista até 2015.

Com a antecipação dos 65 anos para 2013, a FESAP temia que os funcionários públicos tivessem condições mais penalizadoras do que os privados. «Se há uma convergência nas regras mais penalizadoras da aposentação, deve também haver convergência no que é mais benéfico, o que passa pelo mesmo regime de bonificações», argumenta José Abraão.

Segundo o dirigente sindical, o secretário de Estado, Hélder Rosalino, deu a indicação de que o sector público deverá ter as mesmas condições de bonificação previstas para o privado. Num documento enviado ao sindicato, o Governo também clarificou que pretende uma «estabilização definitiva» do regime legal da aposentação, em termos de condições de acesso à reforma, incluindo bonificações.


Cumprimento «escrupuloso» da Constituição

Quanto aos cortes salariais em 2013 – manutenção da redução entre 3,5% e 10%, suspensão do subsídio de férias e reposição apenas do subsídio de Natal – o Governo «entende que a redacção proposta para estas normas respeita, escrupulosamente, a Constituição».

O documento assinala ainda que as medidas de redução da despesa representam um «esforço adicional» e «essencial para defender a credibilidade internacional do país». Hélder Rosalino admite que, neste contexto, «é evidente que a margem negocial é mais limitada do que seria desejável», mas que «só um clima de verdadeira concertação social» consegue retirar o país da «situação crítica» em que se encontra.

As palavras do governante não tiveram, para já, grande efeito. A FESAP anunciou, esta semana, que irá fazer greve a 14 de Novembro, contra as medidas do OE2013.


O presidente do CES defendeu hoje uma reforma "séria" e "com pés e cabeça" da Administração Pública mas salienta que estas alterações vão demorar a dar resultados.

Silva Peneda falava no Parlamento sobre o Orçamento do Estado e respondia ao grupo parlamentar do CDS-PP, que quis conhecer a opinião do Conselho Económico e Social (CES) quanto à estratégia de consolidação.


Do lado da receita, Silva Peneda defendeu um alargamento da base de incidência fiscal , nomeadamente combatendo a fraude, em detrimento de um aumento de impostos. Já do lado da despesa, o presidente do CES salientou que uma reforma "pensada" da Administração Pública exige um "grande consenso" e "demora a dar resultados". Também por isso salientou que, quanto mais rapidamente se iniciar essa mudança, melhor. "Há muito trabalho a fazer", salientou ainda.

Recorde-se que o parecer do CES ao Orçamento do Estado já defendia a reforma da Administração Pública.


Entrar para a função pública já não garante emprego para toda a vida. E vai ser mais fácil rescindir


A esmagadora maioria das pessoas que trabalham para o Estado não podem ser despedidas sem que haja uma alteração da Constituição. Só na administração central directa e indirecta do Estado existiam no final de Junho, e ainda segundo dados provisórios, 413 055 trabalhadores nessa situação, onde se inserem os ex-funcionários públicos, contra 80 987 contratados a termo.

Os dados são da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público, mas mostram que, aos poucos, o perfil dos trabalhadores do sector público está a mudar: há cada vez mais contratados a prazo e contratos individuais de trabalho celebrados ao abrigo do Código de Trabalho que se aplica ao privado. E a tendência será tanto maior quanto mais efectivos saírem por via da aposentação, dando origem a maior flexibilidade nas novas admissões.


Os últimos números apontam para uma diminuição do emprego mais protegido em Portugal. Entre 31 de Dezembro de 2011 e Junho deste ano houve um decréscimo de 11 042 trabalhadores com contratos quase blindados.

O ministério com maior número de efectivos em situação mais difícil de serem alvo de despedimento ao abrigo da actual Constituição é o da Educação. Em Junho havia 181 422 pessoas nesta situação, contra 182 022 em Dezembro do ano passado. É também neste ministério que existem mais contratos a termo certo, 50 702 no mesmo mês, contra 52 780 em Dezembro.

Segue-se o Ministério da Saúde, com 107 965 pessoas em comissão de serviço, nomeadas e contratadas por tempo indeterminado, e 15 427 com contratos a termo. Em terceiro encontra-se a Administração Interna, que integra as forças de segurança, onde, também em Junho, havia 48 552 trabalhadores nas primeiras condições e 112 contratados a prazo, os quais contrastam com os três únicos trabalhadores com esse tipo de contratação referenciados no final do ano passado.


REGRAS ALTERADAS O contrato de trabalho em funções públicas, aprovado em 2008, pôs fim aos anteriores regimes, embora os trabalhadores tenham transitado para o novo instrumento de contratação sem perda de direitos adquiridos. Ou seja, quem era funcionário público manteve o vínculo quase inquebrável ao Estado, continuando a não poder ser despedido, a não ser que os serviços provem que existe inaptidão ao posto de trabalho. Mas quem foi contratado a partir daí passou a estar sujeito a maior flexibilidade.

A lei define várias situações para o emprego público: nomeações, contratos em funções públicas a tempo indeterminado (onde foram integrados todos os ex-funcionários públicos), contratos em funções públicas a termo resolutivo – os contratados a prazo, que podem ser a termo certo ou incerto –, as comissões de serviço no âmbito da Lei de Vínculos, Carreiras e Remunerações e ainda os contratos de trabalho e comissões de serviço ao abrigo do Código de Trabalho.


As duas últimas situações são mais frequentes nas Empresas Públicas Empresariais (EPE), embora também aí possa haver antigos funcionários públicos, como por exemplo os que transitaram da antiga Junta Autónoma das Estradas para as Estradas de Portugal. No âmbito das nomeações, elas podem ser definitivas, transitórias por tempo determinado e transitórias por tempo determinável.

Os dados mais recentes sobre a distribuição dos trabalhadores por tipo de contrato datam de 30 de Junho de 2011 e apenas incluem a Administração Central e EPE. Nessa altura existiam 78 017 nomeações, 328 657 contratos em funções públicas a tempo indeterminado, 88 424 contratos com tempo determinado, 8667 comissão de serviço no âmbito da Lei de Vínculos Carreiras e Remunerações e 47 640 contratos de trabalho e comissões de serviço ao abrigo do Código de Trabalho, num total de 551 405 trabalhadores.

Relativamente a Dezembro de 2010, o tipo de contratação que mais subiu neste período foram os contratos de trabalho em funções públicas a termo certo e os contratos individuais e comissões de serviço ao abrigo do Código de Trabalho. Nesse período, o número de contratados a prazo subiu 991 e mais 1541 trabalhadores passaram a ter um contrato individual de trabalho, contrariamente à tendência que acompanhou os restantes tipos de contratação, que decresceram todos.


As remunerações dos trabalhadores da função pública em Portugal vão ser este ano inferiores a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez desde 1987, segundo previsões divulgadas hoje pela Comissão Europeia.

Num anexo estatístico às suas previsões económicas de outono, a Comissão estima que este ano as remunerações dos funcionários públicos correspondam a 9,8% do PIB. No ano passado, tinham correspondido a 11,4% do PIB.

É preciso recuar até 1987 para encontrar outro ano em que as remunerações da função pública ficavam abaixo dos 10% da economia.


Será também a primeira vez que a fatia do PIB ocupada pelas remunerações da função pública é inferior à da média da zona euro. Este ano, a compensação do pessoal da administração pública dos 17 vai representar 10,5% do PIB da zona euro.

Desde 1995 (data com os registos mais antigos para a zona euro) que este valor se tem mantido bastante estável na média da ‘eurolândia’, oscilando entre os 10,4% e os 11,1% do PIB.

Pelo contrário, em Portugal, registou-se uma subida significativa desde o final dos anos 1980, em que as remunerações da função pública estavam nos 10% do PIB, até 2002 – ano em que se registou um máximo histórico de 14,2% do PIB.

Desde 2005, tem-se registado o caminho inverso, com este rácio a diminuir todos os anos (com uma única exceção: 2009).

A quebra de 2011 para 2012 foi particularmente abrupta, sobretudo tendo em conta que este ano o PIB deverá decrescer 3%. Esta descida estará relacionada com a suspensão dos subsídios de férias e Natal da função pública.

Para 2013, apesar da reposição de um dos subsídios e de uma nova quebra do PIB, a Comissão prevê que as remunerações da função pública cresçam apenas 0,1 pontos percentuais, para 9,9% do PIB. Em 2014, deverá haver uma nova quebra, para 9,5% do PIB.


Bruxelas publicou hoje as suas previsões económicas de outono, onde apresenta novas projeções macroeconómicas para crescimento, défice, inflação e desemprego em todos os 27 Estados-membros da União Europeia (UE).

Para a economia da zona euro, a Comissão prevê um crescimento de 0,1% em 2013 e a continuação do desemprego a níveis “muito elevados”. Para Portugal, Bruxelas antevê para o próximo ano uma nova contração do PIB de 1%, e uma taxa de desemprego recorde de 16,4%.


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