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A formiga no carreiro

Seria este o efeito da subida do horário de trabalho de 35 horas para 40 horas, caso não haja o correspondente aumento salarial.

O eventual aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais, sem o correspondente aumento do salário, implica na prática um corte de 14,3% no salário dos funcionários públicos, revelam os cálculos divulgados esta terça-feira pelo "Diário Económico".

Desde 2010 que os funcionários públicos têm vindo a sofrer sucessivos cortes salariais. O governo anterior começou por aplicar uma redução de 3,5% a 10% para salários acima dos 1.500 euros, que acumulou com a suspensão do pagamento do subsídio de férias e de Natal (progressiva a partir dos 600 euros brutos de salário e integral a partir dos 1.100 euros).

Os dados da Comissão Europeia revelam que Portugal registou a maior quebra nas despesas com pessoal da União Europeia, entre 2009 e 2012. Também mostram que o horário normal de trabalho da Função Pública é o mais leve de todos os países analisados, a par de França, tal como refere o Negócios esta quarta-feira.

A intenção de aumentar o horário de trabalho na função pública foi anunciada esta segunda-feira pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, e pelo secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino. 

Os responsáveis do Ministério das Finanças não avançaram detalhes, mas referiram como exemplo o caso dos médicos, que recentemente assinaram um acordo para aumentar o horário de trabalho das 35 horas para as 40 horas. Na saúde, a alteração é acompanhada de um aumento salarial, mas ao que tudo indica não será essa a estratégia a seguir para os restantes funcionários públicos.

FMI defendeu esta terça-feira maiores cortes salariais e no número de funcionários.


Gaspar quer repensar funções do Estado social. Apoios devem ir sobretudo para os pobres. Está aberto o debate sobre a universalidade


O Governo pretende reduzir drasticamente o peso das funções sociais do Estado em Portugal para poupar "pelo menos" quatro mil milhões de euros em 2013 e 2014.

O modelo de reestruturação destas áreas - Saúde, Educação e Segurança Social - já está a ser negociado e desenhado com a troika e deverá implicar um corte ainda maior no número de funcionários públicos.

A limitação do acesso às funções sociais, sobretudo aos "mais desfavorecidos", como ontem defendeu o ministro das Finanças, articulará com a criação de uma megabolsa de excedentários ao nível nacional. Hoje, este mecanismo implica já hoje a perda de metade do salário, ou mais.

Pelo caminho, o Executivo pretende lançar um debate sobre a universalidade das funções sociais prevista na Constituição com a sociedade civil. Vítor Gaspar tentou assim responder aos apelos recentes de Cavaco Silva, que pediu o envolvimento da "sociedade" nesta discussão.


Ontem, na apresentação das conclusões da sexta avaliação da troika  ao Programa de Ajustamento Económico de Portugal - que permitiu libertar uma nova tranche de ajuda no valor de 2,5 mil milhões de euros -, a equipa das Finanças foi bem explícita sobre o que pretende para o futuro do Estado social.

Depois da avalanche de impostos dos Orçamentos de 2012 e 2013, chegou a hora da despesa. O emagrecimento dos gastos públicos só poderá ser concretizado com cortes no emprego público.

Em resposta aos jornalistas, Hélder Rosalino, secretário de Estado da Administração Pública, disse que "o sistema de mobilidade especial que hoje existe é vocacionado para a reestruturação micro dos organismos, ou seja, para pequenos processos de reorganização, e não está vocacionado para fazer uma gestão transversal e global dos funcionários públicos".

"É nesse sentido que pretendemos que o sistema evolua e que tencionamos no próximo ano, em suporte ao trabalho de análise das funções do Estado, repensar o modelo, discuti-lo com os sindicatos. Simultaneamente, julgamos que é necessário repensar o modelo de organização e duração do tempo de trabalho, em linha com algumas experiências que estão já a ser implementadas", defendeu o secretário de Estado, dando o exemplo das carreiras médicas.


"A Lei da Mobilidade será revista e estendida a todos os sectores da administração pública" e terá de haver "redução de incentivos para a permanência dos trabalhadores no quadro de excedentários", insistiu Gaspar.

Mas o ministro foi ainda mais longe, defendendo, no âmbito da reforma desejada, um Estado social menos universal, mas mais "eficiente e eficaz".

"Uma das questões que serão muito importantes num debate sobre o Estado social é a da seletividade e critérios de atribuição de apoios, sendo inteiramente justificado, em minha opinião, que esses apoios sejam dirigidos privilegiadamente aos mais vulneráveis e dos mais desfavorecidos", atirou Vítor Gaspar.


E por que razão tem o Estado social de emagrecer? "O que está em causa no exame das funções do Estado e no desenho do Estado social em Portugal é muito mais do que uma poupança. É garantir um sistema que seja equitativo, justo, inclusivo, eficiente e eficaz e que seja portanto o Estado social que os portugueses querem ter e o Estado social que os portugueses podem pagar", acrescentou o antigo economista do BCE e da Comissão.

Segundo o ministro, o processo de racionalização do Estado social deve emergir de um debate "aberto" com todos os sectores da sociedade (sindicatos, meios académicos), sendo imperativo e urgente. "Dada a prioridade que está a ser colocada no controlo da despesa, é importante que para 2013 tenhamos capacidade de, no contexto do processo de repensar as funções do Estado".

Temos de "identificar poupanças de despesas que possam realizar-se já em 2013", insistiu.


Parlamento: Passos Coelho acusa Seguro de ter ficado calado no passado


O Governo quer utilizar os fundos comunitários, incluindo o Fundo da Coesão, para pagar as rescisões amigáveis de funcionários públicos até 2014. No debate parlamentar de ontem sobre o Conselho Europeu, que hoje começa em Bruxelas, o primeiro-ministro, Passos Coelho, defendeu que a reforma do Estado deve ter um "enquadramento financeiro europeu" durante o período entre 2014 e 2020. Os fundos europeus são essenciais.

 

Passos Coelho segue as instruções do Fundo Monetário Internacional (FMI) no sentido de que o ajustamento orçamental "tem de se concentrar numa racionalização dos salários e do emprego na Função Pública".Foi isso mesmo que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, deu também a entender ontem, em Berlim, quando defendeu que é preciso reformar o Estado Social para o suportar.No mesmo sentido vai a proposta do PSD à troika, para que os fundos estruturais sirvam para apoiar a redefinição das funções do Estado, a "refundação" do Estado Social.De acordo com o secretário de Estado da Administração Pública, Helder Rosalino, o Governo prevê que, até 2014, saiam do Estado, só pela via da aposentação, 51 840 funcionários públicos. Mas o número de saídas deve crescer ainda com a realização de rescisões amigáveis e a saída de contratados a prazo. As propostas do FMI vêm na linha das políticas do Governo, nomeadamente o aumento do horário do trabalho e a criação de uma bolsa especial de mobilidade, opções que já foram contestadas pelos sindicatos na concertação social.Depois de o ministro das Finanças ter dito que a sociedade civil irá ser chamada ao debate sobre a redefinição das funções públicas, o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, acrescentou ontem que essa reflexão "dá com certeza" para ser concluída até Fevereiro, data da próxima avaliação da troika ao programa de ajustamento português.

Foi nesse mesmo âmbito que o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, pediu ontem ao Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) para "estudar e preparar contributos" que possam servir para uma reforma das Forças Armadas, afirmando que os militares também fazem parte da sociedade civil. 

TRABALHO DE GASPAR É "EXEMPLO BRILHANTE"
O trabalho de Vítor Gaspar voltou ontem a merecer elogios do ministro das Finanças alemão, durante uma conferência em Berlim onde ambos participavam. "Portugal está no rumo certo, e vai manter-se nesse rumo, não tenho dúvidas sobre isso", disse Wolfgang Schäuble.Para o governante, o país está a fazer "um trabalho extraordinário numa situação difícil" e é um "exemplo brilhante" dos esforços de estabilização da economia. Já em Maio, Schäuble tinha considerado Gaspar um "colega valioso e com todas as condições" para assumir a presidência do Eurogrupo.Na sessão, Gaspar apontou as falhas da Europa nas medidas para controlar a acumulação de dívida pública e que, por isso, alguns países como Portugal estão a sofrer constrangimentos de financiamento em permanência. 

REDUÇÃO DE 4,5 MIL MILHÕES NÃO É ACEITÁVEL
ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, disse ontem, no final da reunião com os parceiros sociais, que o Governo só aceita a proposta de redução do orçamento europeu, em que o País perde 4,5 mil milhões de euros, caso se verifiquem alterações. "Portugal não a poderá aceitar, mas devemos contribuir activamente para um compromisso e uma resposta mais robusta ao crescimento, à criação de emprego e à solidariedade", defendeu Portas.

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