O Governo PSD-CDS-PP, que está a completar dois anos marcados pela austeridade em nome da consolidação orçamental, tem na elaboração do Orçamento do Estado para 2014, ano de eleições autárquicas, o próximo desafio.
No início deste mês vai ser debatido e votado na Assembleia da República o Orçamento Retificativo para 2013, para compensar as normas orçamentais chumbadas pelo Tribunal Constitucional, de forma a cumprir a meta de 5,5 por cento do défice.
De acordo com a estratégia orçamental apresentada pelo Governo, os cortes na despesa pública serão maiores em 2014, conseguidas através de medidas controversas como o aumento da idade de reforma, a intensificação da convergência entre a Caixa Geral de Aposentações e as da Segurança Social e um programa de rescisões na Função Pública.
Dois anos depois de o centro-direita ter regressado ao poder, num contexto de resgate financeiro, toda a Oposição pede a demissão do Executivo e eleições legislativas antecipadas, incluído o Partido Socialista, no entanto, a maioria insiste num pedido ao consenso com o maior parido da Oposição e com os parceiros sociais.
Com a legislatura sensivelmente a meio, o Executivo tem dado maior destaque à dinamização da economia tendo recentemente apresentado iniciativas destinadas ao crescimento e ao investimento.
O Governo prevê agora que o crescimento regresse em 2014, no valor de 0,6 por cento do Produto Interno Bruto, colocando um ponto final em três anos de queda da economia.
O próximo ano tem sido apontado como um marco para um novo ciclo “pós-troika”, após a conclusão do Programa de Assistência Económica e Financeira, prevista para junho desse ano.
Ano de autárquicasÉ nesta conjuntura que PSD e CDS-PP, os dois partidos que suportam o Executivo, se preparam para ir a votos em eleições autárquicas, que deverão decorrer entre setembro e outubro, e que terão efeitos na respetiva situação interna.
Nos últimos tempos, as notícias de divisões internas na coligação têm-se sucedido, projetando uma imagem de instabilidade, sempre negada pelo primeiro-ministro.
Pedro Passos Coelho, chefe do Governo PSD/CDS-PP, já afastou um cenário de demissão associado aos resultados das eleições autárquicas, igual ao protagonizado por António Guterres, em dezembro de 2001.