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A formiga no carreiro

Declarações do Ministro são pouco esclarecedoras

 

Esta quarta-feira, perante os deputados da Comissão Parlamentar da Saúde, o Ministro Adalberto Campos Fernandes foi pouco claro quanto aos termos em que será feita a reposição das 35 horas de trabalho semanal no setor da Saúde.

 

Depois de afirmar que o setor da Saúde carece de entre 1500 a 1700 enfermeiros, e de 800 a 1000 assistentes, e que essa necessidade será suprida de forma progressiva, Campos Fernandes referiu que a reposição das 35 horas custará ao Estado cerca de 27 milhões de euros no segundo semestre de 2016.

 

Porém, continuamos sem ter qualquer conhecimento, total ou parcial, do estudo que estará na base destas conclusões, sendo fundamental conhecermos os impactos em cada área (Hospitais, Centros de Saúde, Unidades de Saúde Familiar, Administrações Regionais de Saúde, etc.), bem como as previsões para a abertura de concursos de admissão de trabalhadores.

 

O Ministro também não esclareceu se a reposição das 35 horas entrará em vigor para todos os trabalhadores já no dia 1 de julho, incluindo os que estão em regime de contrato individual de trabalho, ou apenas para os que estão em regime de contrato de trabalho em funções públicas, sendo que o SINTAP continua a defender a sua aplicação a todos os trabalhadores, de modo a não gerar quaisquer injustiças.

 

Também não foi possível perceber se os custos mencionados incluem apenas novas admissões, se consideram o trabalho suplementar, se a reposição do antigo horário será feita de uma só vez ou de forma gradual, nem tão pouco que horizonte temporal está a ser considerado.

 

O SINTAP não encontra qualquer justificação para que este assunto esteja a ser tratado de forma tão pontual, pelo que exige que o Governo esclareça estas questões de grande relevância para os trabalhadores, começando, por exemplo, pela apresentação do estudo sobre os impactos da reposição das 35 horas de trabalho semanal, estudo esse que, ao que tudo indica, terá ficado pronto já em finais de março.

 

O SINTAP considera esse esclarecimento urgente e necessário, uma vez que a reunião com a Secretária de Estado de Administração Pública, que deveria ter tido lugar no passado dia 31 de março, e na qual procuraríamos obter mais informações sobre estas questões, foi adiada para data ainda por definir.

 

Lisboa, 7 de abril de 2016

O regresso às 35 horas semanais exige a contratação de pelo menos mais 1.500 enfermeiros e 800 assistentes operacionais no sector da Saúde. As contas são do ministro Adalberto Campos Fernandes.

O Ministro da Saúde já fez as contas ao impacto que o regresso às 35 horas teria no seu sector. Ao todo, para cobrir a redução do horário de trabalho, seria necessário contratar, a partir do segundo semestre, entre 1.500 e 1700 enfermeiros e entre 800 a 1.000 assistentes operacionais. 

 

A contabilidade foi apresentada por Adalberto Campos Fernandes durante uma audição que decorre esta quarta-feira no Parlamento. As estimativas sobre as necessidades de reforço de pessoal respeitam a um semestre e, segundo o responsável, custariam 27 milhões de euros – um valor que se encontra "dentro da reserva orçamental definida" em matéria do Orçamento do Estado para 2016, segundo cita a Lusa.

 

O regresso às 35 horas na Administração Central (há autarquias e regiões que nunca deixaram de as ter) foi proposto pelo PCP e Bloco de Esquerda e encontra-se em discussão na especialidade, no Parlamento. A medida tem o acordo do PS, mas audições ainda vão levar algumas semanas, subsistindo dúvidas sobre como se irá operacionalizar a medida.

 

A dificuldade está sobretudo em sectores que têm turnos de oito horas, como os polícias, os médicos ou enfermeiros, já que tal exige ou mais horas extraordinárias ou a contratação de mais pessoal.

 

Com o ministro das Finanças a avisar que a redução do horário semanal tem de ter um impacto orçamental neutro, falta saber como isto será operacionalizado. O Governo garante que as 35 horas entram em vigor em julho, mas não estará de parte a possibilidade de a medida entrar faseadamente consoante os sectores de actividade.

 

Outra dúvida que subsiste é se os grupos parlamentares vão acabar com a discriminação de tratamento entre os profissionais com contrato de trabalho em funções publicas e os que têm contrato individual de trabalho, para quem estas regras não são imperativas e podem ser forçados a trabalhar mais horas que os colegas. 

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