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A formiga no carreiro

Proposta final revoga a requalificação e cria um novo sistema de valorização profissional de funcionários públicos.

 

Os trabalhadores que, no início do próximo ano, continuem em requalificação poderão optar por regressar à actividade, deixando de ter qualquer corte no seu salário. A medida está prevista na versão final da proposta de lei que cria o regime de valorização profissional dos funcionários públicos entregue nesta segunda-feira aos sindicatos, durante as reuniões com a secretária de Estado da Administração Pública, Carolina Ferra.

A proposta a que o PÚBLICO teve acesso, prevê que os trabalhadores que à data da entrada em vigor do novo regime continuem em inactividade têm 60 dias para decidir o que querem fazer da sua vida, através da apresentação de um requerimento ao INA (a Direcção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas, responsável por gerir a requalificação).

Entre as hipóteses que têm à sua disposição está o “regresso à actividade através da integração em posto de trabalho”, sem qualquer corte no salário. Ou seja, o trabalhador é integrado na secretaria-geral ou no serviço que gere os recursos humanos do ministério do seu serviço de origem, mantendo a categoria e o nível remuneratório que detinham na altura em que foram colocados em requalificação.

Esta era uma das principais reivindicações dos três sindicatos e representa um avanço significativo face à versão inicial do diploma que previa que estes trabalhadores mantivessem o corte de 60% no seu salário.

Quem não quiser voltar ao activo, poderá optar por uma cessão do vínculo por mútuo acordo (desde que esteja a pelo menos cinco anos da idade legal da reforma); por um regime excepcional (aberto a quem tenha 55 ou mais anos – também aqui a proposta foi melhorada -  mantendo o corte no salário até à idade da reforma) ou pela passagem à licença sem remuneração.

Se os trabalhadores não tomarem uma decisão no prazo previsto, “passa à situação de licença sem remuneração”.

Neste momento, de acordo com os dados oficiais, há cerca de 500 trabalhadores em requalificação. Fonte oficial das Finanças garantiu recentemente ao PÚBLICO que, em articulação com o INA, têm sido promovidas diligências junto dos ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e Agricultura “no sentido de colocar em exercício de funções os trabalhadores que se encontram em situação de requalificação”. 

De acordo com o diploma, e tal como já previa a primeira versão, os trabalhadores em licença extraordinária (uma figura prevista na mobilidade especial que permitia que trabalhadores pudessem pedir uma licença mantendo uma pequena subvenção do Estado, mas sem as obrigações inerentes ao regime) também têm 60 dias para optar por uma das quatro opções.

A proposta do Governo, que deverá seguir em breve para a Assembleia da República, prevê ainda que os trabalhadores em requalificação que estão exercer funções noutros serviços sejam integrados em posto de trabalho previsto ou a prever “automaticamente” no quadro de pessoal.

Na versão que tem em cima da mesa, o executivo compromete-se a revogar a requalificação – outra das pretensões dos sindicatos – logo que terminem os 60 dias para os trabalhadores nessa situação escolherem o que pretendem fazer.

Incentivos à mobilidade melhorados

O Governo cria um novo sistema de gestão dos funcionários que não tenham lugar em serviços alvo de reestruturação, fusão ou extinção. Para isso, promete reforçar a formação e quer incentivar a sua colocação noutros serviços, mesmo que longe de casa.

No primeiro documento enviado aos sindicatos previa-se aplicar aos trabalhadores excedentários, “com as necessárias adaptações”, um artigo da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LGTFP) que previa situações excepcionais de mobilidade territorial para serviços a mais de 60 quilómetros da residência.

A versão final da proposta, deixa de remeter para o artigo da LGTFP e melhora-se os incentivos. Fica claro que a mobilidade depende do acordo do trabalhador e quem, passado um ano, pretender manter-se no serviço recebe subsídio de deslocação, “tendo por referência os montantes por subsídio de transportes” (na versão anterior falava-se em limite máximo) e um subsídio de residência durante 12 meses (antes eram seis meses).

Estes subsídios dependem do facto de o funcionário se manter no serviço por um mínimo de três anos, quando na versão inicial do diploma era obrigado a ficar cinco anos.

Fonte

O investimento público em educação aumentou 33% em Portugal entre 2008 e 2013, de acordo com um relatório da OCDE, que indica também que entre 2010 e 2014 os salários dos professores do ensino básico baixaram 30%.  

De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) 'Education at a Glance 2016', o investimento público em educação, excluindo o ensino superior, aumentou de forma significativa entre 2008 e 2013: o aumento de 33% foi o mais alto neste período entre os países da OCDE, à excepção da Turquia.

 

Ainda segundo o relatório, no mesmo período estes níveis de educação registaram um decréscimo de alunos de 6%, o que significa que o crescimento no investimento se traduz num maior montante investido por cada estudante.

 

No que diz respeito ao ensino superior, o investimento público caiu 12% entre 2008 e 2013, o que levou a que a percentagem de financiamento público das instituições de ensino superior baixasse dos 62% para os 58%, a segunda percentagem mais baixa entre os 22 países da União Europeia que integram a OCDE.

 

O investimento público em educação, incluindo ensino superior, representava 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, acima da média da OCDE de 5,2%, e dos 4,6% do PIB em 2008.

 

No entanto, o relatório também refere que Portugal foi dos países onde a crise económica e financeira mais se reflectiu no PIB, tendo registado uma queda de 7% entre 2010 e 2013.

 

A crise sentiu-se também nos salários dos professores: os do ensino básico tiveram uma perda de rendimentos de 30% entre 2010 e 2014, em contraciclo com a maioria dos países da OCDE, que registaram aumentos.

 

A desvalorização salarial destes professores explica-se, segundo o relatório, não só pelos cortes nos vencimentos no período indicado, mas também pelo aumento do número de alunos por turma, o que leva a que em termos médios se traduz numa redução dos custos com salários por cada aluno.

 

Numa análise à liderança e trabalho de desenvolvimento profissional dos directores de escolas do 3.º ciclo do ensino básico, a OCDE refere que os directores portugueses são os que menos participam em actividades do género em relação aos restantes países.

 

Apenas 5% dos directores disseram ter feito observação de aulas nas suas escolas no ano de 2013, e quase um quarto dos docentes (23%) não realizou qualquer actividade de formação ou valorização profissional nesse ano.

 

A OCDE nota ainda que o corpo docente do país envelheceu a grande velocidade na última década: entre 2005 e 2014, os professores do ensino secundário com mais de 50 anos de idade tiveram um crescimento anual de 6%.

 

Ainda assim, a percentagem de professores com mais de 50 anos de idade em Portugal, que se fixa nos 33%, está abaixo da média da OCDE de 37%.

 

No ensino vocacional, Portugal, a par da Austrália, registou o maior crescimento da taxa de diplomados nesta via de ensino entre 2005 e 2014, com um aumento de 40 pontos percentuais numa década.

 

"Tendo por base os padrões atuais, a percentagem de jovens dos quais se espera que concluam o ensino secundário pela via vocacional cresceu significativamente dos 13% para os 56% na última década. O aumento reflecte o crescimento da taxa de conclusão do ensino secundário de forma geral, que passou no mesmo período dos 54% para os 97%", refere a OCDE.

 

O relatório sublinha que este tipo de formação tem sido "eficaz em proporcionar competências relevantes para o mercado de trabalho", uma vez que a taxa de empregabilidade para os diplomados nesta via era de 80% em 2015 para a faixa etária entre os 25-34 anos, em linha com a média da OCDE.

 

"Portugal vai precisar de garantir que estes programas mantêm a sua eficácia durante o processo de expansão e que as qualificações se mantêm relevantes para o mercado de trabalho", lê-se no relatório.

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