Cortes às horas extraordinárias
A empresa ferroviária vai apresentar ao Governo uma proposta para ajustar o Acordo de Empresa (AE) em alternativa à aplicação do regime da Função Pública.
A CP comunicou hoje ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) que recebeu abertura dos ministérios das Finanças e das Obras Públicas, esta semana, para ver “em que é que esses regimes podem ser o mais ajustados” às revindicações dos trabalhadores, avança a porta-voz da empresa, Ana Portela.
Há dois meses que os trabalhadores da CP e CP Carga fazem greves parciais contra a diminuição das remunerações do trabalho em dias de descanso, feriados, horário nocturno e horas extraordinárias que resultaram da aplicação de cortes na função pública.
O estudo que a CP vai apresentar aos dois ministérios que têm a sua tutela tem em conta o facto de a empresa ser de laboração intensiva, o que obriga a que os trabalhadores façam horas extraordinárias para assegurar o funcionamento da rede de transportes comerciais e de carga, face à falta de funcionários “nomeadamente nas áreas operacionais”, diz o coordenador do SNTSF, José Manuel Oliveira.
A CP ainda está a estudar as alternativas, pelo que só na próxima semana o SNTSF, que considera positiva a mudança de discurso da empresa, conhecerá em concreto a proposta.
“A empresa tem tido uma posição de que não pode fazer nada, mas tem reconhecido que a aplicação do Orçamento do Estado no que concerne à questão da organização do trabalho é prejudicial para a empresa e trabalhadores”, concede José Manuel Oliveira.
Da parte da CP, sublinha Ana Portela, a empresa diz-se “disponível para encontrar uma solução” e espera, por isso, que a reunião de hoje com o SNTSF “seja o ponto de partida, bem como as conclusões [do estudo], para estender aos outros sindicatos o mesmo entendimento”.
A paralisação às horas extraordinárias, que se arrasta desde 26 de Fevereiro vai manter-se até ao final de Abril, assim como as greves totais nas próximas duas sextas-feiras vão manter-se. “Só concretizada a mudança, poderemos terminar o conflito”, diz José Manuel Oliveira.
A supressão de cerca de oito por cento das ligações significou para a CP perdas a rondar os 580 mil euros, só em Fevereiro. Ainda não estão apurados os impactos em Março.
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