Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

A formiga no carreiro

Negociações do novo pacote de ajuda.

 

A coligação governamental grega aceitou reduzir em 15 mil o número de funcionários públicos, este ano, no âmbito das negociações de um novo pacote de ajuda.

 

Segundo uma infomração da agência Associated Press citada pelo jornal Kathimerini, a redução da força laboral na administração do Estado vai ser feita com base numa nova legislação que irá, precisamente, permitir os despedimentos na função pública.

A medida é uma das exigências da troika de credores internacionais para libertar uma nova tranche de ajuda financeira que poderá ultrapassar os 130 mil milhões de euros. A eliminação de 15 mil postos de trabalho no sector público até ao final do ano faz parte de um plano de redução de 150 mil empregos até ao final de 2015.

Esperava-se, para hoje, um acordo entre os partidos que integram o arco governamental sobre as condições do novo programa de resgate, mas novas negociações, que têm sido mediadas pelo primeiro-ministro, Lucas Papademos, acabaram por ser adiadas para amanhã, apesar da Comissão Europeia ter avisado que o prazo para uma resposta grega estava esgotado.

Antes, o secretário-geral da Confederação Nacional do Comércio grego tinha criticado a coligação, ao considerar que as negociações entre os três partidos ultrapassaram o limite no quadro das negociações sobre as reformas laborais. “As linhas vermelhas das negociações transformaram-se em fitas vermelhas”, afirmou o líder da confederação, Vassilis Korkidis, num comunicado citado pelo jornal Kathimerini, a propósito das discussões que ontem juntaram à mesma mesa com Papademos os três líderes dos partidos da coligação, durante mais de cinco horas.

A reacção da confederação do comércio surge na véspera de uma nova ronda de negociações entre o primeiro-ministro, Lucas Papademos, e os líderes dos três partidos da coligação, Georgios Papandreou (socialista e o anterior chefe de Governo), Antonis Samaras (conservador) e George Karatzaferis (extrema-direita).

Apesar de as discussões entre os quatro responsáveis terem terminado ontem sem acordo quanto às exigências da troika para a Grécia receber um empréstimo suplementar que evite a entrada do país em incumprimento, Papademos afirmou que os partidos estão de acordo sobre os pontos fundamentais do programa de ajustamento.

O jornal Kathimerini noticia ainda que em cima da mesa das negociações estará um corte de 20% no salário mínimo, actualmente cifrado nos 751 euros por mês. O secretário-geral da confederação prometeu “proteger as empresas e o nível de vida do povo grego”.

 

 

 

Os "dez mandamentos" que Atenas tem de cumprir para receber novo empréstimo

 

A entrar no quinto ano consecutivo de recessão e com quase um quinto da população no desemprego, o novo plano de austeridade reclamado pela UE e FMI a troco do segundo empréstimo não carrega na tecla dos impostos. Em contrapartida, propõem-se cortes em quase tudo. Sindicatos protestam. Gregos estão hoje, de novo, em greve. Mas a resposta do Governo dificilmente será outra senão "sim".

Os sindicatos protestam, os gregos estão de novo em greve, mas o Governo de Atenastem de dar uma resposta final o quanto antes – eventualmente ainda hoje – sobre se aceita o que a imprensa grega rotulou de “dez mandamentos”. 

São as condições impostas pelos credores internacionais – União Europeia e Fundo Monetário Internacional – para conceder um segundo pacote de assistência financeira ao país, possivelmente de 130 mil milhões de euros, sem o qual a Grécia não terá meios para ressarcir um empréstimo obrigacionista no valor de 14,5 mil milhões de euros que se vence a 20 de Março, podendo entrar, então, num processo de incumprimento desordenado que geraria ainda mais incerteza sobre a sua permanência no euro e sobre o futuro da própria união monetária.

O novo empréstimo acresce ao de 110 mil milhões de euros acordado em Maio de 2010. Este “cheque” rapidamente se mostrou insuficiente, com culpas repartidas por Atenas e por quem fez as contas em Bruxelas e Washington. A Grécia não cumpriu as metas de redução do défice, nem deu andamento ao programa de privatizações, em boa medida porque a conjuntura se revelou ainda mais adversa que o previsto, e porque, ao contrário do que assumia a comunidade internacional, os mercados não normalizaram (bem pelo contrário) e o país não teve condições para recomeçar a financiar-se pelos seus meios.

Para voltar a emprestar ao país, UE e FMI exigem agora garantias mais firmes do Governo provisório de unidade nacional de que vai mesmo cumprir o que promete, mas também que as instituições financeiras se envolvam na tentativa de salvar o país da bancarrota, aceitando perdoar pelo menos metade dos créditos. O objectivo mínimo é reduzir o peso da dívida grega dos actuais 160% para 120% do PIB em 2020, sendo este valor (ainda muitíssimo elevado) assumido como o limiar de sustentabilidade. Para isso, a troika exige acordo entre os três partidos da coligação sobre:

"Os dez mandamentos" 

1- Redução em pelo menos 20% do salário mínimo (750 euros, pagos 14 meses, é o valor actual).

2- Fim dos 13º e 14º meses pagos no sector privado

3- Redução dos dias de férias pagos 

4- Flexibilizar o mercado de trabalho (regras de contratação e despedimento) 

5- Redução dos efectivos da função pública: o Governo aceitou ontem despedir 15 mil e diminuir o universo (cerca de 700 mil) em 150 mil até 2015

6- Reduzir despesa na Saúde

7- Reduzir despesa na Defesa

8- Reduzir valor das pensões (em 15%)

9- Reestruturar e recapitalizar a banca

10- Promover a concorrência e acelerar privatizações.


Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D