O Governo enfrenta hoje a quarta greve geral desde que tomou posse, um protesto que será também marcado por várias ações de rua contra o agravamento das políticas de austeridade.
O agravamento da austeridade determinou a convocação da quarta greve geral realizada em Portugal nos últimos dois anos de Governo, unindo agora a CGTP e a UGT, à semelhança do protesto de 2011.
Assim, e apesar da "unidade na ação", não é esperado que os líderes das duas centrais sindicais, Arménio Carlos e Carlos Silva, participem em ações conjuntas, embora ambos antecipem uma "forte adesão" num dia em que muitos serviços serão afetados.
Para além das deslocações previstas pelos dois dirigentes junto de piquetes de greve em diversas empresas no distrito de Lisboa, a UGT promove, pelas 15:30, uma concentração de dirigentes e ativistas sindicais junto ao Ministério das Finanças, em Lisboa. Já a CGTP, para além de várias concentrações nas principais capitais de distrito, promove um desfile que parte do Rossio, pelas 14:30, até São Bento, em Lisboa.
A Plataforma 15 de Outubro também se vai juntar aos protestos em dia de greve geral, tendo convocado uma manifestação entre o Rossio e São Bento para "derrubar o Governo e expulsar a 'troika' de Portugal".
"Iremos sair à rua porque estamos fartos de ser roubados. O povo não aguenta mais", refere uma nota deste movimento, sublinhando que "é hora de mudar".
Também no setor dos transportes haverá perturbações. A CP, Metro de Lisboa, Transtejo e Soflusa não têm serviços mínimos definidos e avisaram os utentes de que será difícil chegar ao trabalho através destas redes de transportes. No Porto, a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) e a Metro do Porto anunciaram que apenas os serviços mínimos serão assegurados.
O tráfego aéreo não é exceção e a ANA - Aeroportos de Portugal emitiu um comunicado no qual "informa todos os passageiros e demais utentes das suas infraestruturas que o tráfego aéreo poderá ser afetado em virtude da greve geral convocada para dia 27 de junho" e recomenda a confirmação dos voos junto das companhias aéreas.
Nas escolas, o anúncio da greve geral e adesão dos sindicados de professores teve um efeito quase imediato. O Ministério da Educação decidiu antecipar para quarta-feira as provas finais de matemática dos 6. e 9.anos que estavam agendadas para quinta-feira.
À exceção das escolas particulares e cooperativas, na grande maioria dos estabelecimentos de ensino já não há aulas, estando apenas a decorrer exames e reuniões de professores para atribuição das notas dos alunos.
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, prevê "uma grande adesão" à greve geral de quinta-feira, o que, acredita, será "uma grande derrota para o Governo", que pretende ver derrubado para conseguir um novo rumo político.
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera por seu turno que a greve geral é um "grito de insubmissão" perante as políticas de austeridade impostas, numa altura de "tolerância zero" para com o Governo.
A greve geral de 27 de junho, a 10 marcada pela CGTP, realiza-se cerca de sete meses depois de uma paralisação idêntica, também motivada pelo agravamento da austeridade. A UGT decidiu, posteriormente, que também faria greve geral na mesma data pela mudança de políticas sociais e económicas, mas não exige a mudança de Governo.
A greve geral que a UGT e a CGTP fizeram a 24 de novembro de 2011 foi a segunda conjunta das duas centrais sindicais e a sétima greve geral realizada em Portugal depois da revolução de abril de 1974.
A primeira greve geral nacional realizou-se em Portugal em janeiro de 1912 em defesa de melhores salários.
Lusa