Ministra da Administração Pública fez hoje saber aos sindicatos que governo poderá atualizar salários além de 0,9% caso a inflação acelere em novembro.
A ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, afirmou nesta quarta-feira, após novas reuniões negociais com os sindicatos, o compromisso do governo com que não haja perda de poder de compra entre os trabalhadores da função pública em 2022.
Nestas reuniões, o governo fala num "avanço negocial, de boa-fé" depois de ter apresentado um mecanismo de salvaguarda na atualização de salários que fará na prática com que a atualização de salários seja superior a 0,9% caso a inflação média de 12 meses até novembro vá além de 1%.
"Se à data de aprovação do diploma (de atualização salarial), que será posterior a 30 de novembro, a inflação média anual dos últimos 12 meses, calculada a 30 de novembro, for superior àquela que conduz à atualização dos 0,9%, o governo acompanhará esse aumento na atualização", explicou a ministra da Administração Pública, juntando que ao indicador que será dado pelo INE será subtraída uma décima relativa aos 0,1% de inflação negativa registada em 2020, tal como sucede já com os 0,9% previstos de atualização salarial. "Essa lógica manter-se-á", esclareceu Alexandra Leitão.
"A principal preocupação, talvez mesmo a única, aqui é a de fazer com que este ano os trabalhadores da Administração Pública não percam poder de compra", defendeu Alexandra Leitão sobre a salvaguarda pedida pelos sindicatos face às expetativas de aceleração da inflação.
Cada décima a mais no valor de atualização salarial deverá representar uma despesa bruta adicional de 25 milhões de euros, face ao custo estimado de 225 milhões de euros para a subida de 0,9%.
Em outubro, segundo o INE, a inflação subia 1,8% em termos homólogos, e em 0,8% na média dos últimos 12 meses.
A disponibilidade para rever o valor de atualização face à evolução da inflação, e não perante os apelos anteriores dos sindicatos, foi justificada pelo novo momento de calendário em que se fez a atual negociação. "Na altura em que negociámos o Orçamento este era o valor. Não estamos a fazer nada de diferente. Estamos é um mês depois, por circunstâncias políticas conhecidas, e como estamos um mês depois tomamos como referência outra data", disse.