Não é unânime a hipótese de reduzir o horário a toda a função pública. Mas, para alguns, só à custa de um aumento de impostos
O regresso às 35 horas semanais para toda a função pública, em vez das atuais 40, divide tanto os trabalhadores da administração do Estado e a tutela como economistas, políticos, patrões e sindicalistas ouvidos pelo DN.
O antigo ministro das Finanças José da Silva Lopes acha que as contas do Estado não aguentavam. "Trabalhar menos horas com o mesmo ordenado seria criar mais carga salarial. Seria preciso colocar mais pessoas e seria preciso gastar mais meios financeiros. O Estado tem um problema de orçamentos difíceis e isso faria aumentar a despesa. Seria possível pagar a redução do horário, mas para isso seria preciso cortar na despesa da saúde e educação, e esses são movimentos que se devem evitar. Não se pode criar emprego que não produza trabalho adicional", antecipa ao DN.
Em causa está a vontade, conhecida ontem nas páginas do Público, das autarquias metropolitanas de Lisboa (com o presidente da câmara da capital, António Costa, à cabeça) em levar as 35 horas nos municípios ao Tribunal Constitucional. O autarca defende que os municípios "têm de ter liberdade de fixar horários" de 35 horas semanais.
O DN procurou saber se o futuro secretário-geral do PS podia alargar esta medida a toda a função pública, mas fonte oficial notou que Costa estava interessado em resolver este ponto das autarquias e não gostaria de falar de cenários.