Na mobilidade dos funcionários públicos, deve haver incentivos para quem ganha menos, defende a Federação de Sindicatos da Administração Pública.
O Governo garante que estão a ser desenvolvidos esforços para que todos os funcionários públicos actualmente abrangidos pelo regime da “requalificação”, cerca de 500 trabalhadores, deixem de estar em inactividade e sejam integrados nos serviços da administração pública antes de se iniciar o novo modelo de “valorização profissional” que substitui a “requalificação”.
No final de uma reunião com representantes da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), a secretária de Estado da Administração Pública, Carolina Ferra, assegurou que está a intensificar-se “a possibilidade de os trabalhadores poderem reiniciar funções”. O objectivo, frisou aos jornalistas, passa por “não existir ninguém em requalificação” quando entrar em vigor um novo regime. A meta é chegar “ao ponto de poder dar um posto de trabalho, poder[em] reiniciar funções todas as pessoas que têm estado em inactividade”.
Aos jornalistas, Carolina Ferra garantiu que “a convergência está a ser feita neste sentido”, porque “não pode haver transição alguma entre eventuais trabalhadores que existam ainda em requalificação quando entrar a nova lei em vigor”. Segundo a secretária de Estado, “não há possibilidade de transitar, porque [o sistema actual] não tem qualquer aspecto comum” com o novo modelo de colocação dos funcionários excedentários.
Aos trabalhadores que estão actualmente no regime de “requalificação”, que enfrentam cortes salariais, o Governo diz estar a ser antecipada “a possibilidade de os trabalhadores reiniciarem funções” em serviços públicos com carências de pessoal. Até haver trabalhadores em requalificação, o regime actual mantém-se.
“Mais o do que nunca a administração pública está carenciada de pessoas e é precisamente com as pessoas que têm estado, infelizmente, neste regime” que serão pensadas oportunidades para estes funcionários públicos “encontrarem o seu posto de trabalho”, frisou Carolina Ferra.
Os funcionários públicos que sejam colocados no novo modelo de “valorização profissional” – por exemplo, em caso de extinção, fusão ou reestruturação e racionalização de serviços – terão um período de formação de três meses, para depois serem reintegrados noutro serviço do Estado. O novo sistema salvaguarda por inteiro a remuneração dos funcionários. Ao contrário do regime actual, não há cortes salariais ainda que ao fim dos três meses de formação, assegurado pelo INA (Direcção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas), não encontrem colocação. Nestes casos, são integrados na secretaria-geral do ministério do serviço a que pertenciam.
O novo modelo prevê incentivos à mobilidade voluntária dos funcionários públicos, que dependerá do acordo do trabalhador, para serviços a mais de 60 quilómetros da residência.
Jorge Nobre dos Santos, secretário-geral da FESAP, afecta à UGT, diz que o Governo acolheu contributos apresentados por esta frente sindical relativamente à mobilidade. E defendeu a existência de incentivos à mobilidade direccionados para os funcionários públicos com salários mais baixos. “Nenhum trabalhador tem de pagar para ir trabalhar. Este é um princípio essencial”, justificou.
Nas negociações sobre o novo diploma, a FESAP diz que o Governo acolheu os contributos apresentados por esta frente sindical, em particular quanto à mobilidade. “É importante reconhecermos que a mobilidade tem de acontecer, de uma forma ou de outra, mas nunca em prejuízo do trabalhador e nunca contra a vontade do trabalhador”, reforçou, sublinhado que esta é uma “condição básica”.
Esta tarde, a secretária de Estado vai ouvir mais duas frentes sindicais da administração pública e, segundo Nobre dos Santos, está prevista uma nova ronda de negociações para dia 19 de Setembro.